"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 24 de julho de 2018

INDEFINIÇÃO ELEITORAL NÃO DEVE PREOCUPAR SOMENTE O MERCADO FINANCEIRO

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Charge do Cabalau (Arquivo Google)
Reportagem de Ana Paula Ragazzi, edição de ontem da Folha de São Paulo, destaca que a indefinição eleitoral está preocupando e aumentando o nervosismo do mercado. No caso, trata-se do mercado financeiro, uma vez que analistas de investimentos estão sugerindo aplicações em títulos púbicos pós-fixados para que não surjam riscos que acarretem desvalorização do dinheiro investido. A indefinição eleitoral, digo eu, deve preocupar tanto ao mercado financeiro quanto aos assalariados que formam a força de trabalho do Brasil.
A mão de obra ativa brasileira envolve diretamente 100 milhões de homens e mulheres, número que, incluindo-se o reflexo indireto, reúne mais ou menos 140 milhões de pessoas.  Tal número refere-se aos dependentes dos trabalhadores e funcionários públicos.
ASSALARIADOS – Portanto, a preocupação maior deve ser dos assalariados, não dos empresários que manipulam o valor das ações e canalizam os investimentos na economia. É natural a preocupação, mas ela tem um caráter geral, porque o processo econômico depende do nível de consumo e o consumo é gerado pelos que trabalham.
Uma coisa leva à outra. Será eternamente assim, como é assim em todos os países do mundo. O consumo está diretamente vinculado ao nível de renda e dessa forma observamos o funcionamento dinâmico dos valores econômicos e financeiros.
Os agentes do mercado, se fizerem um retrospecto vão encontrar exemplos contraditórios à sua tese relativa a desconfiança no futuro próximo.
CASO DE JÂNIO – No passado, por exemplo, o mercado apoiou maciçamente Jânio Quadros e o que aconteceu? Ele renunciou seis meses depois de assumir a presidência da República. Nesse intervalo a antiga SUMOC, que quatro anos depois seria transformada em Banco Central, baixou uma resolução, a de número 204, que duplicou o valor do dólar no país.
Com isso, o lucro financeiro foi enorme, pois, por uma coincidência numérica, o dólar, para nós, brasileiros, teve o valor duplicado de 100 para 200 cruzeiros. Com este fato os especuladores ganharam fortunas. Ninguém poderia prever uma decisão desse tipo. Como também pessoa alguma poderia prever que o presidente da República renunciasse.
CASO DE JK – Quando JK foi eleito em 1955, os setores ortodoxos do mundo financeiro acenderam um sinal de alerta. O que aconteceu? Exatamente o contrário do que tais setores supunham. O desenvolvimento econômico do país criou diretamente mais de 1.000 novas oportunidades para investir, e a expansão da economia refletiu-se em ganhos maiores do capital e também melhorou as condições de vida dos trabalhadores e funcionários públicos. O mercado, em seguida reformulou seus conceitos básicos. Afinal de contas surgia uma alvorada brasileira.
A indefinição é própria da política. Ninguém pode querer que meses antes de uma eleição já fosse possível identificar as correntes vitoriosas. Eleição se ganha na urna. Mesma coisa do que no futebol: ninguém vence na véspera.
Esperar é preciso. Aliás, é o que a nossa população enfrenta no passar de uma eleição para outra.

24 de junho de 2018
Pedro do Coutto

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