A grande indagação do momento e saber de onde provém a atual campanha contra a Lava Jato, a mais poderosa ofensiva já desfechada desde 2014, quando teve início a operação da força-tarefa formada pela Polícia Federal e pela Procuradoria-Geral da República, com apoio dos auditores da Receita. De repente, é como se um furacão varresse a Praça dos Três Poderes, com ataques simultâneos à Lava Jato, desfechados por autoridades de diferentes procedências. Para quem acredita em coincidência ou conjunção astral, é um prato feito, mas está claro que se trata de ofensiva bem estruturada, com planejamento nos mínimos detalhes.
Na grande imprensa, por exemplo, está em curso uma campanha visando a desmoralizar o juiz Sérgio Moro, através de um patrulhamento implacável, que tenta distorcer tudo o que ele faz ou declara. Ao mesmo tempo, os ministros Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Marco Aurélio Mello transformam o Supremo numa sucursal da OAB, dedicada a libertar – a qualquer custo – criminosos de longo curso e caixa alta, apanhados pela Lava Jato.
TEMER E LULA – Essa espetacular ofensiva só está sendo desfechada porque Lula e o presidente Michel Temer conseguiram chegar a um acordo de sobrevivência, que vinha sendo costurado desde o ano passado, quando se vislumbrou a possibilidade real de prisão de Lula e a apresentação da terceira denúncia contra Temer.
E cada um mobilizou suas tropas pelo objetivo conjunto. Foi para viabilizar o acordo Lula/Temer que Gilmar Mendes mudou de opinião sobre a segunda instância e se incorporou ao esforço de Lewandowski e Toffoli no Supremo.
No final de novembro, para fechar as negociações em nome de Lula, Toffoli fez uma visita a Temer, de caráter sigiloso e fora da agenda. Apanhado em flagrante, alegou que foi uma “coincidência” ter se encontrado com Temer às vésperas da sessão em que o Supremo voltaria a discutir a limitação do foro privilegiado, quando ele pediu vista e sentou sobre o processo.
MAIS COINCIDÊNCIA – Agora, Toffoli vai dizer que é mera “coincidência” a iniciativa da Segunda Turma do Supremo, que arrancou a máscara, rasgou a fantasia e assumiu por inteiro seu papel no movimento para destruir a Lava Jato.
Também terá sido “coincidência” o jantar oferecido a Temer na quinta-feira passada, dia 21, pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, com a participação especial do senador Aécio Neves, para discutir o sexo dos anjos, quer dizer, a sucessão presidencial. Por coincidência, os três estão citados na delação da Odebrecht e precisam aprovar a sonhada anistia aos políticos, a pretexto de “descriminalizar” a política e preservar a democracia, conforme o jurista Jorge Béja anteviu aqui na Tribuna e depois o jornalista Merval Pereira confirmou em O Globo.
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P.S. 1 – Usando a “tese” criada por Toffoli para libertar Dirceu, Lula e quem mais tiver sido condenado em segunda instância, podemos dizer que há “plausibilidade’ neste acordo secreto entre as cúpulas de PT e MDB, com apoio do PSDB e de muitos outros partidos que se envolveram em corrupção. E tudo isso não tem nada a ver com as eleições, é só uma questão de sobrevivência político-criminal. A Lava Jato que se cuide.
P.S. 1 – Usando a “tese” criada por Toffoli para libertar Dirceu, Lula e quem mais tiver sido condenado em segunda instância, podemos dizer que há “plausibilidade’ neste acordo secreto entre as cúpulas de PT e MDB, com apoio do PSDB e de muitos outros partidos que se envolveram em corrupção. E tudo isso não tem nada a ver com as eleições, é só uma questão de sobrevivência político-criminal. A Lava Jato que se cuide.
P.S.2 – Mas você pode fazer como Belchior e até dizer que eu estou por fora, estou inventando, porque realmente não acredito em coincidências… (C.N.)
29 de junho de 2018
Carlos Newton
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