O Planalto (leia-se Michel Temer, Eliseu Padilha e Moreira Franco) julgava que poderia levar a bom termo a chamada Operação Abafa, destinada a inviabilizar a Lava Jato. Com apoio entusiástico da grande maioria dos parlamentares federais e de ministros dos tribunais superiores, o núcleo duro do governo achava que vencer a Lava Jato seria apenas uma questão de tempo. Mas estavam enganados, porque na política as aparências quase sempre enganam.
De lá para cá, várias tentativas da Operação Abafa foram frustradas. A anistia ao caixa 2, por exemplo, chegou a se pautada sorrateiramente pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para ser aprovada na calada da noite, mas a manobra fracassou graças ao protesto dos experientes deputados Miro Teixeira (Rede-RJ) e Ivan Valente (PSOL-SP).
OUTRA TENTATIVA – No Senado, o então presidente Renan Calheiros (AL-PMDB) chegou a ressuscitar um projeto já arquivado e sem autor definido, mudou seus termos, renomeou-o como Lei do Abuso de Autoridade e quase conseguiu aprovar. No entanto, como diz Roberto Carlos, quase é só mais um detalhe, não significa nada.
Com a campanha presidencial e o pedido de prisão de Lula da Silva, a Operação Abafa passou a se concentrar no Supremo, onde tramitam dois torpedos simultâneos – o habeas corpus preventivo de Lula da Silva e a revisão da jurisprudência que permite prisão após condenação em segunda instância.
LAVA JATO RESSURGE – Às vésperas do julgamento do habeas de Lula, que pode ser expandido e proibir também que seja preso antes de condenação na terceira instância (Superior Tribunal de Justiça), a Lava Jato ressurgiu, arrasadora, prendendo quase toda a quadrilha que operava com o presidente Temer no setor portuário. O próprio chefe do governo só não foi preso porque tem foro especial no STF, é preciso haver autorização da Câmara para Temer ser processado.
Cercado, acusado e encurralado. Temer imita Lula e alega estar sofrendo “perseguição política”, alegando que as prisões de seus amigos foram feitas para forçar delações premiadas. A menção foi genérica, Temer não mencionou o único cúmplice poupado pela Procuradoria e pela Polícia Federal — seu ex-assessor Rocha Loures, que deveria sr um dos primeiros a ser preso, incriminado por reincidência específica, já que é réu confesso no processo da JBS, por ter devolvido a mala de dinheiro, ao invés de alegar que transportava livros. Ou seja, além de criminoso. é um idiota chapado, como se dizia antigamente.
Tudo indica que Rocha Loures já pediu delação e prestou depoimento em sigilo. O envolvimento dele no Decreto dos Portos é semelhante ao caso da JBS, porque também houve gravação autorizada pela Justiça, em que ficou provada sua participação na quadrilha. Ou seja, não há como justificar que Loures tenha sido poupado, a não ser que já tenha fechado a delação.
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P.S. 1 – A possível colaboração premiada de Loures é o maior segredo da Operação Skala e será o primeiro acordo a ser homologado pela procuradora-geral Raquel Dodge, que só aceita delação se for acompanhada de provas materiais.
P.S. 1 – A possível colaboração premiada de Loures é o maior segredo da Operação Skala e será o primeiro acordo a ser homologado pela procuradora-geral Raquel Dodge, que só aceita delação se for acompanhada de provas materiais.
P.S. 2 – A confusão é geral, porque Raquel Dodge mandou libertar todos os presos na Operação Skala, inclusive o sinistro coronel Lima Filho, que nem prestou depoimento, alegando estar muito doente, embora tenha sido examinado no Hospital Albert Einstein e recebido alta na quinta-feira. (C.N.)
Carlos Newton
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