"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

NA LUTA CONTRA O CRIME, AS MILÍCIAS SURGIRAM COMO CONSEQUÊNCIA DA OMISSÃO DO ESTADO


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Charge do Nani (nanihumor.com)
A chamada Grande Depressão de 1929 – “The Crash” – teve um efeito positivo, ao demonstrar que nem sempre a “Mão Invisível” do mercado consegue resolver as crises, desmentindo o que ensinava Adam Smith, um dos maiores economistas da História, que é uma espécie de pai do Liberalismo. Ao contrário do que o genial Adam Smith julgava, ficou provado que a ação do Estado pode ser fundamental e salvadora, como ocorreu no programa “New Deal” (“Novo Acordo”, em tradução literal), implantado em 1933 pelo grande presidente norte-americano Frankin Delano Roosevelt.
Como se sabe, o programa de recuperação “New Deal” foi baseado na revolucionária tese do economista britânico John Maynard Keynes, segundo a qual, em determinados períodos de crise, o Estado precisa intervir na economia, regulando-a. Foi justamente o que Roosevelt fez.
FLERTE COM SOCIALISMO – Para salvar os EUA, Roosevelt teve de flertar com o socialismo, intervindo em todo o sistema produtivo. De início, criou um robusto plano de obras públicas, com o objetivo de garantir emprego à população de baixa formação profissional. Em seguida, passou a controlar o sistema financeiro e desvalorizou o dólar, para favorecer as exportações.
Ao mesmo tempo,  criou a Previdência Social, a fim de proteger os trabalhadores, e a implantou a Administração de Recuperação Nacional, com o objetivo de induzir os empresários a estabelecer entre si acordos sobre preços, salários e programas de produção, em detrimento da livre concorrência capitalista. O controle estatal também se estendeu aos investimentos, com a taxação dos lucros das aplicações em ações, títulos ou fundos. Simultaneamente,  as horas de trabalho foram diminuídas e os salários tiveram de permanecer no mesmo patamar.
Roosevelt também criou  um salário mínimo nacional, fez o governo assumir as dívidas dos pequenos proprietários, oferecendo subsídios e facilidades de crédito aos fazendeiros que alcançassem as metas de produção estabelecidas pelo Estado, uma prática que até hoje está em vigor nos EUA .
A MÃO INVISÍVEL – O acerto da teoria de Keynes demonstrou que não pode existir país forte com Estado fraco. Até hoje esta tese prevalece, embora no Brasil haja uma campanha permanente para enfraquecer o Estado.
De toda forma, porém, a Teoria da Mão Invisível não foi desmoralizada e até hoje prevalece na maior parte das situações. Aqui no Brasil de hoje, por exemplo, é a Mão Invisível que comanda as milícias. Quando o Estado não consegue conter a violência e a criminalidade, a resposta é o surgimento das milícias, que fazem a preço módico o trabalho da Polícia. Só que, ao invés de prender os criminosos, os milicianos simplesmente aplicam a pena de morte. 
Nestes famosos 60 mil homicídios registrados a cada ano no Brasil, uma boa parte deles pode ser atribuída às milícias. Por isso, a intervenção a ser feita pelos militares no Rio de Janeiro precisa ter preferencialmente como alvo apenas os traficantes e os criminosos de sempre, que promovem arrastões e assaltos. Até porque os milicianos tendem a desaparecer, assim que a criminalidade diminuir e a Mão Invisível do mercado parar de patrociná-los.
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P.S1 – Se o grande humorista Bussunda ainda estivesse entre nós, faria o seguinte comentário sobre a intervenção no Rio: “Fala sério…”, diria ele, ao saber que o governo federal não investirá um vintém no programa e todos os custos serão cobertos pelas verbas do governo estadual, que está falido, e pelo Ministério da Defesa, que não tem dinheiro para alimentar os recrutas e abastecer os veículos de combate, que já estão com prazo de validade vencido. O ministro da Fazenda, que tem a chave do cofre, disse que não sabe como proceder. “Fala sério”, repetiria Bussunda.
P.S. 2 –  Ninguém pode ser contra a intervenção ou qualquer outra iniciativa que possa reduzir a criminalidade. Mas já informamos aqui na TI, neste domingo, e vamos repetir agora. A intervenção tem dois objetivos principais — fortalecer a candidatura de Temer à reeleição e engavetar a emenda de Alvaro Dias, que impõe restrições ao foro privilegiado e foi aprovada por unanimidade no Senado. Acredite se quiser(C.N.) 

20 de fevereiro de 2018
Carlos Newton

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