"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

GOVERNO MANIPULA O RESULTADO DE PESQUISA SOBRE REFORMA DA PREVIDÊNCIA

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Reação à reforma da Previdência é muito forte      
O Ibope, por encomenda do Planalto, realizou pesquisa sobre como a opinião pública vê a reforma da Previdência Social.  Reportagem de Marina Dias, Folha de São Paulo desta quinta-feira, focaliza o assunto. O governo Michel Temer divulgou os resultados que poderiam conduzir ao fato de a reação contrária ao projeto ter declinado. Na televisão colocou em destaque, como se fosse um dado positivo, a rejeição estar no nível de 44%. Poder-se-ia supor, diante de tal informação, que os demais 56% seriam favoráveis às mudanças que o Executivo luta por aprovar no Congresso Nacional. Os fatos não confirmam essa versão.
Lendo-se os números com atenção, verifica-se que, de fato, 44% são contrários. Mas isso não quer dizer que 56% sejam a favor. Na verdade, apenas 15% são favoráveis, 39% não têm opinião e 2% não responderam a pesquisa. Assim 61% dos entrevistados passaram a ser iguais a 100%, como se procede em todas as análises objetivas e corretas.
63% a 33% – Dividindo-se a maior afirmação de ponta contra a menor, cálculo que costumo fazer, chega-se a conclusão que o coeficiente negativo é 3.  Concretamente, os contrários significam praticamente 63%, enquanto apenas cerca de 33% são favoráveis.
Poderão os leitores indagar para onde se deslocaram os que integram a faixa de 39%. São aqueles que, por diversos motivos, não quiseram formular opinião. Entre esses, provavelmente, muitos que já se aposentaram e, portanto, não correm o risco aparente de sofrer cortes, e aqueles para os quais o tema não motivou com a intensidade que deveria ter, uma vez que a questão é profundamente social.
RESPOSTAS OBJETIVAS – Temas sensíveis exigem respostas objetivas, sempre que o universo pesquisado manifeste algum entusiasmo com a questão proposta. Logo, os 39% que se abstiveram de opinar não podem ser computados como favoráveis à matéria. Propositadamente, o Palácio do Planalto deixou no ar uma dúvida quanto a parcela de 39%, um dado verdadeiro que conduz a uma área de sombra quanto a definição final.
Essa é uma hipótese. Outra seria dividir por 2 a faixa dos 39 acrescentando uma metade à corrente contrária e outra metade à corrente favorável. De qualquer forma acredito que com a observação que faço estou contribuindo para iluminar o debate que ainda não alcançou a emoção necessária. Pouco se sabe do conteúdo da reforma. Está prevalecendo a ideia de que ela se resume ao aumento de idade para concessão de aposentadorias, tanto dos regidos pela CLT quanto os que se encontram no universo do funcionalismo federal. Mas não é apenas essa a sombra que envolve a iniciativa do governo.
DETALHE OBSCURO – Um ponto fundamental é o que trata das aposentadorias e pensões. Um detalhe obscuro produzido pelo próprio governo é aquele que bloqueia ou reduz o acumulo da aposentadoria com uma pensão. Na realidade são situações diferentes, mas que convergem somente para os casos de falecimento das pessoas. Um absurdo querer congelar as fontes previdenciais que envolvem os dois casos. O debate não ganhou as ruas ainda.
Mas já ganhou o caminho das urnas de outubro. Enquanto a pesquisa do Ibope tratou de reforma da Previdência, a do Datafolha focaliza a rejeição do governo Temer, que, ao longo de contradições, perdeu o rumo do êxito.

02 de fevereiro de 2018
Pedro do Coutto  

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