"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 30 de dezembro de 2017

MINISTRO DO TRABALHO ESCRAVO DEIXOU UM RASTRO DE SUJEIRA NA SUA GESTÃO


Nogueira tentou se limpar, mas não deu
Num gesto inusual e considerado sem precedentes dentro do governo, o então ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) para barrar uma auditoria do Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) que apontou superfaturamento e não execução de serviços em contratos assinados na gestão do ministro.
Em 23 de outubro, a Consultoria Jurídica do Ministério do Trabalho — com a assinatura do titular da pasta no pedido — ingressou com solicitação na Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal da AGU para tentar anular a auditoria e impedir a publicação do relatório, finalizado desde o dia 11 daquele mês. No último dia 12, o colegiado da AGU recusou o pedido, o que levou a um novo recurso do ministério, no dia 21.
FATO INUSITADO – Fontes do governo ouvidas pelo GLOBO relatam que esse tipo de iniciativa — a busca, na AGU, pela anulação de uma auditoria feita por um órgão do próprio governo, a CGU — ainda não teria ocorrido na Câmara de Conciliação. Tanto que, ao negar a admissão de um processo nesse sentido, o colegiado argumentou não ter competência para tratar dessa disputa.
O Ministério do Trabalho voltou a insistir na contestação dentro da AGU contra o relatório da CGU. A Câmara de Conciliação existe para dirimir conflitos entre órgãos da administração pública federal. Foi bastante acionada, por exemplo, no caso das “pedaladas” fiscais, quando bancos públicos buscavam o colegiado para tentar uma solução para atrasos de pagamentos por ministérios a programas do governo.
Na tarde de quarta-feira, Nogueira pediu ao presidente Michel Temer demissão do cargo de ministro do Trabalho. Ele retomará o mandato de deputado federal pelo PTB do Rio Grande do Sul e disse que se demitiu para se candidatar em 2018. Se quisesse, o ex-ministro poderia ficar na pasta até a primeira semana de abril, prazo exigido pela legislação para desincompatibilização e disputa por um cargo eleitoral.
RESSARCIMENTO – A reportagem do GLOBO teve acesso ao relatório de auditoria e publicou o conteúdo do documento na edição de ontem. A CGU recomenda ressarcimento de quase R$ 5 milhões aos cofres públicos em razão de ordens de serviço supostamente superfaturadas e de não execução de serviços contratados. Os auditores analisaram dois contratos com a empresa Business to Technology (B2T), no valor de R$ 76,7 milhões, assinados na gestão de Nogueira. O objetivo é a aquisição da solução de “Business Intellingence-BI MicroStrategy”, voltada a tecnologia de informação e plataformas antifraude em programas como o seguro-desemprego, com compra de licenças, manutenção e suporte.
A auditoria aponta superfaturamento, por exemplo, nas horas de trabalho pagas aos funcionários da empresa. Um só empregado recebeu R$ 126 mil por 22 dias úteis de trabalho, ou R$ 828,95 por hora trabalhada, mostrou o relatório.
MUITA LAMBANÇA – Em setembro, o então ministro do Trabalho editou portaria com regras sobre como auditorias da CGU deveriam ser tratadas dentro da pasta. Integrantes da AGU apontaram ser inusual esse tipo de procedimento, o que levou o ministro a revogar a portaria no mês passado. Um grupo de trabalho montado no Ministério do Trabalho para analisar os contratos com a B2T chegou a ser desconstituído por Nogueira, segundo fontes do governo ouvidas pela reportagem. Além disso, servidores se recusaram a fazer pagamentos referentes aos contratos e pediram para deixar as funções, conforme essas fontes. Gestores que ocupam cargos comissionados no ministério e filiados ao PTB em Goiás — de onde é o líder do partido na Câmara, deputado Jovair Arantes — foram colocados nas funções.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Em tradução simultânea, pode-se dizer que o ministro escravagista deixou um rastro de trabalhos mal feitos no Ministério. Saiu às pressas, tentando se livrar da sujeirada, mas deu tudo errado e escândalo aumenta cada vez mais. Detalhe: o ex-ministro é pastor da Assembléia de Deus, mas parece ter se vendido por 30 dinheiros. (C.N.)

30 de dezembro de 2017
Vinicius Sassine
O Globo

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