Barra de São Miguel, AL - Estive lendo atentamente a delação do marqueteiro Renato Pereira. A facilidade com que esse senhor desvenda a podridão dos políticos fluminenses é de arrepiar. O seu envolvimento com a quadrilha do PMDB, chefiada por Sérgio Cabral e seus asseclas, é tão profundo que ele passa de coadjuvante da organização criminosa desses mafiosos para personagem central do enredo. A sensação é de que Pereira esteve sempre no centro da roubalheira e dela se locupletou durante mais de dez anos. Então, quando Ricardo Lewandowski devolve a sua delação ao procuradoria-geral da República, por achar que o marqueteiro não merece os benefícios oferecidos pelo então procurador Rodrigo Janot, decide acertadamente.
Não foi a primeira vez que Janot beneficiou bandidos confessos para chegar aos objetivos que pensava serem nobres. Agiu assim no caso de Sérgio Machado que desfruta da sua delação no conforto de sua mansão em Fortaleza com direito à missa aos domingos. Foi também assim no caso dos irmãos Batista, quando os absolveu de todos os crimes cometidos, para citar dois exemplos mais gritantes. No caso de Joesley e Wesley os erros estão sendo corrigidos com a prisão dos dois. No caso de Machado, prevalece o estabelecido na delação. Agora, com Renato Pereira, o ex-procurador seguia na mesma linha para beneficiá-lo, livrando-o dos crimes cometidos e ainda assegurando ao delator o direito de viagens no Brasil e no exterior. Para quem declarou movimentar milhões em moeda estrangeira não deixa de ser um prêmio.
Renato Pereira foi o polvo de criação de Sérgio Cabral que espalhou seus tentáculos por todos os órgãos do governo disfarçando-se de marqueteiro. Antropólogo por formação acadêmica, associou-se a algumas produtoras e assumiu as campanhas dos candidatos do PMDB. Entre uma eleição e outra encarregava-se de administrar fortunas que saiam dos cofres públicos para contemplar os parceiros de Pezão, do Pães e do Sérgio Cabral. Agia como um fantoche endinheirado sem se preocupar com os danos que causava a população do Rio, quando, a serviço da mafia política, desviava o dinheiro que faltou na educação, na saúde, na infraestrutura, na segurança e em todos os outros setores sociais do estado.
Janot descorda de Lewandowski. Até o criticou quando soube que o ministro do STF não aceitou a delação de Renato Pereira nas condições estabelecidas por ele antes de deixar a procuradoria. Disse, inclusive, que a ação do ministro estaria colocando em risco o instituto da delação. Ora, doutor Janot, isso é uma balela. Seus argumentos não se sustentam nesse caso como também não se sustentaram no caso dos irmãos Batista, quando Vossa Senhoria procurou o caminho mais fácil para concluir investigações livrando Joesley e Wesley dos crimes praticados contra o patrimônio público.
Vê-se, agora, com a quebra do sigilo do processo que Renato Pereira é tão bandido quanto todos os seus chefes – Cabral, Paes, Pezão – que o tinha como principal interlocutor da quadrilha que assaltou o estado e deixou os servidores públicos em inanição e os setores sociais na penúria. Portanto, o marqueteiro precisa ser tratado com o rigor da lei, mesmo considerando que ajudou o Ministério Público a puxar o fio do novelo da organização.
Não tenho nenhuma simpatia pelo ministro Lewandowski, desde o julgamento do mensalão quando ele torceu indisfarçavelmente pelos petistas. Isso, no entanto, não me impede de falar do seu acerto ao quebrar o sigilo das investigações do processo do marqueteiro e ao devolver para o Ministério Público a sua delação sem homologar.
Dessa forma, a população do Rio ficou sabendo o alcance do conluio criminoso dos políticos do PMDB. Ainda está estupefata com a revelação do marqueteiro de que o dinheiro da quadrilha também abastecia cabeças premiadas da intelligentsia carioca até então acima de qualquer suspeita. Conhece também a outra função que Pereira tinha dentro da estrutura do crime: o de comprar apoios para o PMDB e o de distorcer as informações sobre o governo com propaganda enganosas feitas por agências que se acumpliciaram à delinquência peemedebista.
Mais uma vez Janot perde ao achar que a confissão de um delator é o único caminho para se chegar a descoberta de um crime. Talvez por isso tenha beneficiado com generosidade extrema alguns que contaram histórias que soaram bem aos seus ouvidos. Tão convincentes que muitos estão soltos para usufruir do dinheiro roubado do contribuinte.
21 de novembro de 2017
Jorge Oliveira
Não foi a primeira vez que Janot beneficiou bandidos confessos para chegar aos objetivos que pensava serem nobres. Agiu assim no caso de Sérgio Machado que desfruta da sua delação no conforto de sua mansão em Fortaleza com direito à missa aos domingos. Foi também assim no caso dos irmãos Batista, quando os absolveu de todos os crimes cometidos, para citar dois exemplos mais gritantes. No caso de Joesley e Wesley os erros estão sendo corrigidos com a prisão dos dois. No caso de Machado, prevalece o estabelecido na delação. Agora, com Renato Pereira, o ex-procurador seguia na mesma linha para beneficiá-lo, livrando-o dos crimes cometidos e ainda assegurando ao delator o direito de viagens no Brasil e no exterior. Para quem declarou movimentar milhões em moeda estrangeira não deixa de ser um prêmio.
Renato Pereira foi o polvo de criação de Sérgio Cabral que espalhou seus tentáculos por todos os órgãos do governo disfarçando-se de marqueteiro. Antropólogo por formação acadêmica, associou-se a algumas produtoras e assumiu as campanhas dos candidatos do PMDB. Entre uma eleição e outra encarregava-se de administrar fortunas que saiam dos cofres públicos para contemplar os parceiros de Pezão, do Pães e do Sérgio Cabral. Agia como um fantoche endinheirado sem se preocupar com os danos que causava a população do Rio, quando, a serviço da mafia política, desviava o dinheiro que faltou na educação, na saúde, na infraestrutura, na segurança e em todos os outros setores sociais do estado.
Janot descorda de Lewandowski. Até o criticou quando soube que o ministro do STF não aceitou a delação de Renato Pereira nas condições estabelecidas por ele antes de deixar a procuradoria. Disse, inclusive, que a ação do ministro estaria colocando em risco o instituto da delação. Ora, doutor Janot, isso é uma balela. Seus argumentos não se sustentam nesse caso como também não se sustentaram no caso dos irmãos Batista, quando Vossa Senhoria procurou o caminho mais fácil para concluir investigações livrando Joesley e Wesley dos crimes praticados contra o patrimônio público.
Vê-se, agora, com a quebra do sigilo do processo que Renato Pereira é tão bandido quanto todos os seus chefes – Cabral, Paes, Pezão – que o tinha como principal interlocutor da quadrilha que assaltou o estado e deixou os servidores públicos em inanição e os setores sociais na penúria. Portanto, o marqueteiro precisa ser tratado com o rigor da lei, mesmo considerando que ajudou o Ministério Público a puxar o fio do novelo da organização.
Não tenho nenhuma simpatia pelo ministro Lewandowski, desde o julgamento do mensalão quando ele torceu indisfarçavelmente pelos petistas. Isso, no entanto, não me impede de falar do seu acerto ao quebrar o sigilo das investigações do processo do marqueteiro e ao devolver para o Ministério Público a sua delação sem homologar.
Dessa forma, a população do Rio ficou sabendo o alcance do conluio criminoso dos políticos do PMDB. Ainda está estupefata com a revelação do marqueteiro de que o dinheiro da quadrilha também abastecia cabeças premiadas da intelligentsia carioca até então acima de qualquer suspeita. Conhece também a outra função que Pereira tinha dentro da estrutura do crime: o de comprar apoios para o PMDB e o de distorcer as informações sobre o governo com propaganda enganosas feitas por agências que se acumpliciaram à delinquência peemedebista.
Mais uma vez Janot perde ao achar que a confissão de um delator é o único caminho para se chegar a descoberta de um crime. Talvez por isso tenha beneficiado com generosidade extrema alguns que contaram histórias que soaram bem aos seus ouvidos. Tão convincentes que muitos estão soltos para usufruir do dinheiro roubado do contribuinte.
21 de novembro de 2017
Jorge Oliveira
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