O título sintetiza e até coloca uma lente de aumento no sistema político que funciona no país, destacando a troca de concessões por votos salvadores e escapistas. O povo, que não é consultado, paga a conta de mais essa ação de suborno e tampouco tem a possibilidade de obter desconto no Imposto de Renda da parte que lhe cabe na história e que no final das contas sai de seu bolso. Aliás, como sempre.
Desta vez a fatura é triplicada, porque além de Michel Temer estão em jogo os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco. Que Rodrigo Maia, presidente da Câmara Federal, defenda a unificação do processo compreende-se com base em sua visão política e seu afinidade com Moreira Franco. Mas surpreende que deixa a entender que a tese tenha sido encampada também pela ministra Carmen Lúcia, Presidente da Corte Suprema. Estou baseando esse comentário na reportagem de Rafael Marques Moura e Breno Pires, O Estado de São Paulo, edição desta terça-feira.
NEGOCIAÇÃO ILEGÍTIMA – A opinião pública deve receber com atenção os próximos passos dos deputados no decorrer do novo processo instaurado contra o Presidente da República. Deve acompanhar com atenção, já que estamos falando em sinal, a tendência que vai separar a opinião pública da negociação ilegítima entre o poder Executivo e o Congresso a se desenrolar na Esplanada de Brasília.
É difícil prever nesta altura dos acontecimentos se a unificação ou separação entre os processos do presidente e dos ministros ajuda ou prejudica o governo Temer diante não apenas do STF, mas também da opinião pública do país. O cenário do poder é desalentador e extremamente crítico.
O plano político reflete-se na esfera econômica. Veja, por exemplo, o custo da dívida pública federal, que é sustentada pelos Fundos de Investimento que absorvem os juros a base de 8,25% a/a sobre o total de 3,4 trilhões de reais. Não podendo pagar em moeda corrente os juros, o governo emite cada vez mais notas do Tesouro Nacional. É o que destaca matéria de Eduardo Campos e Fábio Pupo, edição de ontem do Valor.
As despesas crescentes com as emissões de NTNs é pago pela população de modo geral.
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UM ESCLARECIMENTO HISTÓRICO
O historiador Israel Blajberg, no seu livro “Estrela de David no Cruzeiro do Sul”, que focaliza a presença judaica nas Forças Armadas Brasileiras, esclarece um ponto importante em torno do atentado integralista, então braço nacional do nazismo, ao Palácio Guanabara. A guarda palaciana seria comandada pelo tenente Julio Nascimento, da Marinha, vinculado ao integralismo. Este, no entanto faltou ao serviço no Palácio Guanabara , então residência de Vargas. Foi substituido pelo tenente do Exército Maurício Kicis, que conseguiu deter a invasão e assim mudar o que poderia ser um desfecho trágico na história do Brasil.
O desfecho trágico de Vargas só ocorreria 16 anos depois em agosto de 1954. Em 1938 Vargas era ditador. Em 54 seu poder viera das urnas de 1950. Fica aqui portanto este esclarecimento.
27 de setembro de 2017
Pedro do Coutto
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