A insegurança na Cidade do Rio de Janeiro atingiu uma escala altíssima nesta sexta-feira, especialmente na Rocinha, ao ponto de as Forças Armadas terem de ser mobilizadas para garantir segurança pública ameaçada por bandos criminosos ligados ao tráfico de drogas e de armas. A situação vem se tornando cada dia mais grave sem solução por parte do governo de Luiz Fernando Pezão. Após desencontros entre o governador e o ministro da Defesa, Raul Jugmann, o esquema militar foi ostensivamente implantado em torno da Rocinha após horas de angústia e medo ao longo do dia.
Mas a violência não se restringiu apenas a esse local da Zona Sul da cidade. Estendeu-se ao Morro Dona Marta em Botafogo, ao Chapéu Mangueira no Leme. Na véspera, um assalto na Lapa culminou com o assassinato da vítima. Este o panorama crítico de uma cidade em descontrole. Tanto assim que Exército teve que ser convocado para evitar que a onda de violência crescesse.
ALÉM DO LIMITE – Não há dúvida de que já foi ultrapassado o limite que separa a segurança da insegurança, a ordem da desordem, a vida humana e a iminência da morte. E tudo é resultado de omissões sucessivas e de problemas decorrentes da corrupção que nos últimos anos foi tomada por uma volúpia insaciável.
Esses fatos se acumularam no panorama e na consciência de uma cidade que sedia o festival Rock in Rio. Não poderia ser pior o momento para verdadeira explosão que ocorreu na Rocinha. Os estilhaços da incompetência e do roubo aos bens públicos cintilaram no final da tarde de ontem, ofuscando as luzes da festa internacional. Isso leva a pensar na vinculação dos fatos entre si e o resultado que produzem para todos. Quando a insegurança, avança a vida humana se retrai naturalmente num movimento de defesa.
MAUS GOVERNOS – Difícil é retomar o clima de um passado na vida do Rio separado pelo tempo e por desastres em sequência. Desastres que começam na ação de governantes e termina na angústia dos governados.
Enquanto o Rio enfrentava o confronto entre a ordem e a desordem, em Brasília (reportagem de O Estado de São Paulo de sexta-feira, assinada por Vera Rosa, Felipe Frazão, Tânia Monteiro e Carla Araujo) o presidente Michel Temer precipitava-se para tentar conter uma cisão na sua base parlamentar, consequência das fortes críticas do deputado Rodrigo Maia à ação principalmente dos ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco no sentido de esvaziar a legenda do DEM em sua representação na Câmara Federal.
No momento em que a segunda denúncia da Procuradoria Geral da República chega à praça dos Três Poderes, o presidente da República teme perder os votos que podem livrá-lo do novo processo criminal no Supremo. E Temer não está sozinho como alvo da denúncia. Encontra-se ladeado pelos ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha. Os mesmos que se empenham por esvaziar o apoio ao presidente na Câmara dos Deputado.
23 de setembro de 2017
Pedro Coutto
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