A decadência da Europa, continente irreconhecível face a duas décadas atrás, não é apenas política: é sobretudo cultural.
“Tempos bons geram homens fracos, que criam tempos difíceis que, por sua vez,
geram homens fortes, que criam tempos bons.” (Dito popular)
Zeus era apaixonado pela princesa Europa, filha de Agenor, rei de Tiro, antiga cidade fenícia. Sabendo que ela admirava os touros de seu pai, Zeus tomou a forma de um touro branco e, após os touros serem conduzidos por Hermes até a praia, Zeus aproximou-se dela e deitou-se a seus pés. Europa, admirada com aquele belo e manso touro branco, subiu nas suas costas. Aproveitando a oportunidade, Zeus a raptou, levando-a através do mar até a ilha de Creta.
Revelando a sua identidade, Zeus tentou violá-la, mas Europa resistiu, até que Zeus, transformando-se em uma águia, finalmente conseguiu subjugá-la num bosque de salgueiros.
Europa teve três filhos com Zeus: Minos, que se tornou rei de Creta, Radamanto e Sarpedon. Entre os presentes que ofereceu a Europa, Zeus recriou a forma do touro branco nas estrelas que compõem a Constelação de Touro.
Constelação Taurus, em representação de Johannes Hevelius (1611-1687) |
Em homenagem à mãe de Minos, os gregos deram o nome de “Europa” para o continente que ficava ao norte da ilha de Creta.
Isso ocorreu cinco gerações antes do nascimento de Hércules, milênios antes do continente europeu se estabelecer como centro da cultura ocidental.
Desde então, dois milênios se passaram, dos primórdios da cultura européia, fundamentada pela moral judaico-cristã, a filosofia grega e o direito romano, chegando ao seu apogeu, até a sua queda, no século XXI.
Hoje a Europa, enfraquecida pelas comodidades materiais proporcionadas pelo capitalismo liberal da segunda metade do século XX e amedrontada perante o discurso ideológico desagregador neomarxista, está novamente deslumbrada com um touro branco e supostamente manso.
Porém, desta vez, quando o touro revelar a sua cruel identidade, a Europa não será estuprada por um deus apaixonado, mas pela horda de bárbaros invasores, pelas políticas abortistas, pelo crescente controle globalista, pela auto-censura politicamente correta, pela ideologia de gênero, pelo consumo de drogas, pelo decréscimo populacional, pelo niilismo, pela desvalorização ou criminalização dos aspectos masculinos da natureza humana e por tudo o mais que vem junto com o pacote do fim de uma civilização.
A Europa não irá ganhar de presente de seu estuprador um Talos, o gigante autômato de bronze, nem um cão treinado pelos deuses, nem um dardo que nunca erra o alvo.
Seu presente será a submissão e a completa aniquilação, ainda neste século. A grande constelação de Taurus, proeminente no céu do Norte no inverno, será transfigurada em lua crescente e estrela.
Uma história que começou com um estupro vai terminar com outro, muito pior. O touro branco de hoje é o discurso politicamente correto, a sedução relativista, a pusilanimidade travestida de pseudo-pacifismo irresponsável e suicida.
Típico europeu moderno: fraco, irresponsável e suicida. |
Não há futuro para uma civilização que renegou os próprios fundamentos morais e culturais que propiciaram seu nascimento e hoje segue completamente perdida, como uma tábua no mar, apodrecendo à deriva. A maior tragédia do século foi a Europa ter renegado a tradição cristã, já podemos ver as conseqüências disso.
Talvez o caso mais emblemático seja o martírio do bebê Charlie Gard que, vítima de uma doença rara, foi proibido pelos tribunais europeus de receber tratamento nos EUA.
Processo idêntico vem sofrendo o jovem e irrelevante Brasil, macaqueador de todos os mais sinistros experimentos sociais europeus, do marxismo ao desarmamento, do aborto à ideologia de gênero. Já não temos mais identidade nem personalidade, nossa cultura não floresceu como a européia, nós nos tornamos uma sociedade de bandidos covardes, acomodados e depravados. O Brasil conhecerá seu fim sem mesmo haver alcançado o apogeu.
A diferença é que os danos à Humanidade da derrocada da Europa são muito mais severos do que aqueles causados pelo fim do Brasil. A Europa tem Dante, Michelangelo, Shakespeare, Cervantes, Bach, Mozart, Beethoven etc. Nós temos Padre José Maurício Nunes Garcia, Carlos Gomes, Villa-Lobos etc. (que faziam música européia), Machado de Assis, Manuel Bandeira, Graciliano Ramos etc. (que escreviam em português, uma língua européia). Temos também o samba e o choro, que são fusões entre harmonias, melodias e formas européias e ritmos africanos. Devemos à Europa boa parte de nossa rica e parca cultura.
Tudo isso está prestes a ser aniquilado porque o homem europeu está mais preocupado em fazer sexo, usar drogas, abortar e posar de tolerante, embasbacado pelo touro branco do marxismo cultural.
Resta-nos, como contemporâneos dessa odiosa Nova Babilônia, como meta de vida, lutarmos pela preservação da cultura ocidental. Como numa grande Arca de Noé cultural, guardarmos as obras-primas da Humanidade, todo o conhecimento acumulado em séculos, de modo a dificultar um pouco o processo de dominação, tanto islâmica quanto globalista ou eurasiana.
Os sobreviventes devem estudar latim, filosofia, música, história da arte, literatura etc. a ponto de dominar alguma dessas área e transmitir esse conhecimento para as novas gerações. Não espere nada dos governos; catedrais já estão sendo destruídas, pais já estão perdendo a autoridade sobre os próprios filhos, já vemos perseguições e censura, a morte é a lei.
Podemos ser uma ilha de resistência, assim como a Polônia e Ucrânia, mas, para isso, precisamos de um sopro de coragem e um motivo para lutar. Qual motivo poderia ser maior do que a preservação da cultura ocidental, que proporcionou o maior nível de desenvolvimento e liberdade já alcançado pela Humanidade?
Que o martírio de Charlie Gard seja um símbolo contra a opressão da burocracia governamental sobre os indivíduos; que sua iminente morte nos inspire e nos dê coragem para lutar não só contra o assassinato de crianças, nascidas ou não, mas pela sobrevivência de nossa própria civilização.
17 de agosto de 2017
tom martins
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