Adiada para a próxima terça-feira (22) pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com o objetivo buscar um acordo partidário que garanta aprovação, a votação da reforma política – é um remendo eleitoral marcado pelo desespero da classe política – merece a atenção dos brasileiros de bem, que não podem aceitar essa incursão sórdida e rasteira por parte daqueles que desejam permanecer no poder.
Com o advento da Operação Lava-Jato e uma enxurrada de denúncias contra políticos corruptos, o fim do dinheiro fácil e imundo passou a preocupar os frequentadores do Parlamento, que buscam uma forma de facilitar a reeleição e manter o foro privilegiado. Por conta disso, os políticos têm tentado as mais diversas manobras, a começar pela “doação oculta”, que viabilizaria o uso de dinheiro de origem duvidosa ou até mesmo criminosa por meio de laranjas.
A proposta, que seria enxertada no projeto de reforma política por meio de emenda, acabou eliminada por decisão do próprio relator da matéria, deputado Vicente Cândido (PT-SP), que conhece as agruras enfrentadas por seu partido, protagonista do período mais corrupto da história nacional.
Por outro lado, a criação de um fundo eleitoral, que, segundo os parlamentares, servirá para financiar a democracia, é uma excrescência inaceitável, pois o valor inicial é de R$ 3,6 bilhões, correspondente a 0,5% ao montante da despesa corrente líquida do governo federal.
Diante da reação da opinião pública, que usou as redes sociais para pressionar os deputados, o valor do tal fundo já foi reduzido para R$ 2 bilhões, mas mesmo assim trata-se de uma aberração se comparada à grave crise econômica e a dificuldade do governo para fechar as contas.
Com a alegada falta de recursos para financiar as próprias campanhas, os partidos deveriam fechar as portas e sair de cena, pois não se pode ignorar que o contribuinte já arca com o malfadado fundo partidário, que no caso das legendas nanicas e de aluguel servem apenas para encher os bolsos de seus respectivos “donos”.
O perigo maior nessa proposta de criação de um fundo eleitoral está no fato de que muitos partidos acostumaram-se com a generosidade criminosa da cornucópia da corrupção, mas no rastro de operações, policiais, prisões e condenações toda cautela será pouca. Por isso, os políticos tentam encontrar uma saída para garantir o financiamento das campanhas, como se a população tivesse tal obrigação.
Desde o momento em que a proibição do financiamento de campanhas por pessoas jurídicas começou a ser discutida no Supremo Tribunal Federal (STF), o UCHO.INFO posicionou-se contra a medida, que no final das contas abriu caminho para o dinheiro do crime organizasse chegasse em maior volume ao caixa dos partidos. EM suma, um pouco mais de pressão sobre os deputados só fará bem ao País.
17 de agosto de 2017
ucho.info
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