Numa entrevista a Leandro Colon e Reynaldo Turollo JR, Folha de São Paulo do dia 7, o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, rebateu o ataque que lhe foi desfechado pelo presidente Michel Temer na entrevista que concedeu ao O Estado de São Paulo no último sábado, quando o presidente da República o acusou de mover uma perseguição mediante total fragilidade jurídica.
Rodrigo Janot, em sua réplica na Folha, acentuou que está preparando uma segunda denúncia contra Temer baseada na delação que está negociando com o ex-deputado Eduardo Cunha e também na delação de Lúcio Funaro, operador financeiro do esquema explodido pela Operação Lava-Jato. Eduardo Cunha, sem perspectiva de obter um habeas corpus a seu favor, chegou à conclusão que o caminho da delação é o que lhe resta para reduzir o tempo de prisão que tem pela frente.
CUNHA VALORIZA – Entretanto, como sabe da importância do que vier a revelar, Eduardo Cunha protela sua definição com o objetivo de valorizar ao máximo o que pode delatar. Rodrigo Janot sustentou que nunca disse que os políticos são bandidos. O que afirmou de fato é que há bandidos que se ocultam sob o manto dos mandatos políticos. É possível que consiga obter um acordo com Eduardo Cunha, mas também é possível que não cheguem a um acordo a respeito da redução da pena imposta pelo Supremo ao ex-presidente da Câmara Federal.
Porém, na sua resposta ao presidente da República, Janot anunciou que vai pedir a separação do processo acusatório contra Rodrigo Rocha Loures, pois com a rejeição pela Câmara ao julgamento do Presidente da República pelo STF, não há mais razão para que o homem da mala de 500 mil reais permaneça no foro especial reservado aos detentores de mandatos políticos.
LOURES VAI EXPLICAR – Rodrigo Janot permanece sustentando o ponto de vista de que o dinheiro da noite paulista tinha seu destino no Palácio do Planalto. Difícil, frisou, é achar o contrário. Afinal, por que Joesley Batista iria destinar 500 mil reais a um ex-assessor do governo? Rocha Loures terá que explicar esta contradição. Não será fácil.
Após dizer, referindo-se a Michel Temer, que não pode tergiversar com quem praticou ato ilícito, Rodrigo Janot ressaltou confiar em que sua sucessora na PGR, Rachel Dodge, prosseguirá a linha que adotou no exercício do cargo. “Não acredito de forma alguma que ela pretenda engavetar processos”, disse ele.
10 de agosto de 2017
Pedro do Coutto
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