Documentos guardados em um dos endereços do coronel aposentado da PM paulista João Baptista Lima Filho contêm valores associados a nomes de candidatos do PMDB, que sugerem atuação dele no repasse de recursos e materiais de campanha na eleição de 2014. A Folha obteve cópias da papelada, que estava na fazenda de Lima invadida por sem-terra em Duartina (SP) em julho.
Amigo de Michel Temer há décadas, Lima Filho é um dos principais personagens da delação da JBS e foi apontado nos depoimentos como destinatário de propina enviada ao presidente, na eleição daquele ano, pela empresa.
CAMPANHA
Entre os documentos, que tratam de campanhas para deputado federal e estadual do partido no Estado de São Paulo, há agendas, listas dos candidatos, telefones de assessores, anotações para a distribuição de material gráfico e recados para a contabilização de gastos.
Em uma relação de 33 candidatos a deputados à Câmara, há anotações que dizem “24.000”, sem especificar do que trata essa inscrição – se dinheiro ou quantia de material, por exemplo.
Há também avisos anotados, ao lado dos nomes dos candidatos, como “chegou mais material”, “material está estocado”, “retirado na gráfica”, “vem buscar” e “cobrar recibo”. Em ao menos dois casos, a frase “liberou sem recibo” está escrita à mão.
NOTA FISCAL COINCIDE – Em um dos papéis, há ainda a indicação do número de nota fiscal do material produzido para a campanha dos candidatos estaduais. O número da nota coincide com um grupo de despesas, declaradas pelo comando do partido em São Paulo à Justiça Eleitoral em 2014, com uma gráfica de São Caetano do Sul.
Essas encomendas eram ordenadas, segundo fornecedores ouvidos pela reportagem, por Arlon Viana, dirigente do PMDB-SP e hoje chefe de escritório da Presidência em São Paulo. Outras despesas e repasses listados, no entanto, não constam na prestação de contas de candidatos. Mas isso pode ser decorrência de os recursos de doações serem distribuídos pelo PMDB aos candidatos, não diretamente por doadores.
Em 2014, a direção do PMDB paulista repassou quase R$ 3 milhões para 57 candidatos a deputado federal ou estadual do partido, segundo a Justiça Eleitoral.
A FAZENDA – A fazenda em Duartina pertence em parte a Lima Filho e em parte à Argeplan, empresa da qual o coronel aposentado é sócio. O local foi invadido pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no último dia 25 e desocupado seis dias depois. Em 2016, a propriedade já havia sido alvo dos sem-terra, que acusam o coronel aposentado de ser um laranja de Temer.
Lima Filho assessorou o atual presidente em eleições a partir de 1986, segundo informa o próprio Planalto. Ele contou no ano passado à Folha que ajudou Temer a aprimorar seu discurso em campanha. Também supervisionava a prestação de contas.
Em Duartina, é tido como poderoso a ponto de ninguém se eleger sem seu apoio na região. Moradores apelidaram a propriedade rural como “fazenda do Temer”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – As provas são fracas, o coronel da PM sempre atuou nas campanhas do PMDB. O problema real de Temer são as delações do ex-deputado Eduardo Cunha e do doleiro Lúcio Funaro. É aí que mora o perigo. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – As provas são fracas, o coronel da PM sempre atuou nas campanhas do PMDB. O problema real de Temer são as delações do ex-deputado Eduardo Cunha e do doleiro Lúcio Funaro. É aí que mora o perigo. (C.N.)
07 de agosto de 2017
Gabriela Sá Pessoa e Felipe BächtoldFolha
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