Sem assunto quente depois que a Câmara concedeu um habeas corpus preventivo ao presidente Michel Temer, a grande mídia deu uma importância exagerada à troca de mensagens em 2012 entre os então influentes deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Os dois, ambos ex-presidentes da Câmara, atualmente estão presos pela operação Lava Jato. Conforme essas mensagens, ao saber que parte dos repasses do empresário Joesley Batista iria para o Rio Grande do Norte (Henrique Alves), em vez de São Paulo (Temer), Eduardo Cunha avisou: “Vai dar merda com Michel“. À época da troca de mensagens, Temer era vice-presidente da República.
Sinceramente, em meio ao lamaçal de corrupção que assola do país, a troca de mensagens é apenas curiosa, por causa da frase referente ao atual presidente, mas não prova nada. Pode até se tratar de doações legais, que a JBS também fazia. Portanto, essa nova denúncia chega a ser ridícula, em comparação ao que já existe comprovadamente contra Temer ou em relação às novas acusações que estão sendo apuradas, como a corrupção no Porto de Santos.
ESTRANHO MOMENTO – O fato concreto é que os brasileiros, em sua maioria, estão passando por um estranho momento psicossocial. Já se acostumaram a tal ponto com a corrupção que nem ligam mais, muitos até evitam conversar a respeito. Ao mesmo tempo, estão traumatizados pela desastrosa gestão da mulher sapiens, acham que qualquer governo será melhor do que a administração dela, e este foi um dos motivos que blindaram Temer.
Aliás, muitos até acham que seria melhor não ter governo algum, outros preferem chamar os militares, que não demonstram interesse em assumir um problema de tal magnitude, preferem continuar lutando pelo aumento dos soldos e pela manutenção de suas aposentadorias.
Temer se salvou por causa desse fenômeno psicossocial, na levada do deputado Titirica de que “pior não fica”. A piada é boa, mas inclui um componente perverso – o desinteresse pela política.
TUDO COMO ANTES – Já se sabe que, até 31 de dezembro de 2018, nada mudará. O Brasil continuará sem governo, conforme tem sido até agora. Desde que assumiu, em maio de 2016, o presidente Temer não fez absolutamente nada de concreto. A economia simplesmente bateu no fundo do poço e lá ficou. A reforma das leis trabalhistas e a terceirização ainda não fizeram efeitos – e nem se sabe se farão, porque podem aumentar o consumo, mas diminuem a arrecadação, ficam elas por elas. E o teto de gastos, proclamado como a salvação dentro de 20 anos, já se desmoralizou antes do primeiro aniversário.
Até agora, tudo foi só marketing. Mas o governo inexistente de Michel Temer e Henrique Meirelles (não necessariamente nesta ordem), comporta-se como se tudo tenha sido mudado e enfim já estivéssemos vivendo no melhor dos mundos, no estilo do professor Pangloss, criação genial de Voltaire.
AINDA VAI ACONTECER – A previsão que Eduardo Cunha fez há cinco anos (“Vai dar merda com o Michel”) irá se concretizar, com toda certeza, mas somente após ele entregar as chaves do Planalto. Já estará com 78 anos, é hora de pendurar as chuteiras e se aposentar, para continuar dedicando integral a se defender das múltiplas acusações.
De toda forma, Temer está destinado a ficar na História como um governante tão sujo quando Lula da Silva. Já em relação a Dilma Rousseff, o lugar dela já está garantido como a governanta mais incompetente do lado de baixo do Equador, em todos os tempos – passados ou futuros.
07 de agosto de 2017
Carlos Newton
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