As aparências enganam, especialmente na política. Quando o presidente Michel Temer escolheu a segunda colocada na lista da eleição interna do Ministério Público Federal, a bancada da corrupção festejou. Confiantes no fato de Raquel Dodge ser adversária do atual procurador-geral Rodrigo Janot, os políticos e governantes envolvidos na Lava Jato e em outros atos de corrupção pensaram que enfim conseguiriam concretizar a sonhada Operação Abafa, nos moldes do esquema montado na Itália nos anos 90 para inviabilizar a Operação Mãos Limpas, que devassou a corrupção naquele país.
Na sabatina do Senado, semana passada, era flagrante a animação de muitos senadores com as declarações de caráter moderado da procuradora Raquel Dodge. Na verdade, suas ponderações não significavam um compromisso de conivência com a impunidade de agentes envolvidos na corrupção.
NOVO TIME – Atualmente, na gestão de Janot, a coordenadoria da equipe da Lava Jato está a cargo do promotor Sérgio Bruno, que se notabilizou por liderar um dos mais competentes grupos anticorrupção do país. Mas nada indica que a nova equipe da Procuradoria-Geral da República venha a ser menos rigorosa. Entre os nomes cotados para a assessoria direta da Lava Jato estão os procuradores José Alfredo de Paula, Raquel Branquinho e Alexandre Espinosa, que fizeram fama ao comandar as investigações sobre o mensalão, nos governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Portanto, o discurso moderado de Raquel Dodge na sabatina do Senado está sendo desmontado pelo perfil da equipe que a futura procuradora-geral vem montando. Quem comemorou por antecedência a substituição de Rodrigo Janot vai ter uma grande decepção, porque a procuradora Raquel Dodge está demonstrando que a Lava Jato não será esvaziada, causando nova decepção ao Planalto.
NOVAS DELAÇÕES – Na Procuradoria, os acordos de delação premiada do doleiro Lúcio Funaro e do empreiteiro Léo Pinheiro (OAS) já estão quase concluídos e ainda ficarão a cargo da equipe de Janot. Mas tudo indica que outras importantes colaborações terão desenrolar na próxima gestão de Raquel Dodge, especialmente as delações do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do empresário Eike Batista.
Como diria Chico Buarque, Eike vai revelar suas tenebrosas transações com Lula da Silva, Sérgio Cabral e Dilma Rousseff, enquanto Cunha vai direcionar fogo cerrado em Michel Temer, Eliseu Padilha e Moreira Franco – a troika que comanda atualmente os destinos da nação.
Mas novidade mesmo será a delação do empresário Léo Pinheiro, da OAS, que não somente vai entregar Lula e muitos políticos do primeiro time, como também revelará suas relações com integrantes da alta cúpula do Judiciário, incluindo os ministros Humberto Martins e Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça, e Dias Toffoli, do Supremo.
###
P.S. – Em tradução simultânea, pode-se garantir que a Lava Jato não está em decadência, muito pelo contrário. Embora as verbas da Polícia Federal tenham sido propositadamente reduzidas pelo governo Temer, as investigações vão continuar, envolvendo cabeças coroadas da política. E para complementar, vem aí, nas mãos do juiz Sérgio Moro, a sensacional delação do ex-ministro Antônio Palocci, que vai conduzir a Lava Jato a setores do mercado empresarial e financeiro. Vai ser um festival melhor do que o Rock in Rio. (C.N.)
P.S. – Em tradução simultânea, pode-se garantir que a Lava Jato não está em decadência, muito pelo contrário. Embora as verbas da Polícia Federal tenham sido propositadamente reduzidas pelo governo Temer, as investigações vão continuar, envolvendo cabeças coroadas da política. E para complementar, vem aí, nas mãos do juiz Sérgio Moro, a sensacional delação do ex-ministro Antônio Palocci, que vai conduzir a Lava Jato a setores do mercado empresarial e financeiro. Vai ser um festival melhor do que o Rock in Rio. (C.N.)
18 de julho de 2017
Carlos Newton
Nenhum comentário:
Postar um comentário