O rombo nas contas públicas não para de crescer. Dados do Banco Central (BC) divulgados ontem apontam que a dívida bruta do governo chegou ao equivalente a 73,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em junho, o pior resultado da série histórica, iniciada pela autoridade monetária em dezembro de 2006. Para piorar, a equipe de Ilan Goldfajn projetou que a trajetória explosiva continuará nos próximos meses. Em julho, o endividamento deve chegar a 73,9% da geração de riquezas no país, um novo recorde.
A queda no preço do dólar, que influencia o valor das reservas cambiais, também afeta a dívida líquida do governo. Em junho, o indicador chegou a 48,7% do PIB, o pior resultado desde maio de 2005. O BC estimou que, em julho, o endividamento corresponderá a 50% da geração de riquezas no país. Se a projeção se confirmar, será a maior desde dezembro de 2004.
CONSEQUÊNCIA – O chefe adjunto do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha, explicou que a alta do endividamento público é um reflexo dos sucessivos rombos mensais nas contas públicas. “A trajetória de deficit primário tem contribuído para o aumento da dívida”, ressaltou. Em junho, a necessidade de financiamento do setor público consolidado chegou a R$ 19,5 bilhões. Nos seis primeiros meses do ano, o resultado negativo atingiu R$ 35,2 bilhões, o equivalente a 1,11% do PIB.
O rombo acumulado de janeiro a junho de 2017 é pior do que o acumulado no mesmo período do ano passado, quando chegou a R$ 23,7 bilhões, correspondente a 0,78% da geração de riquezas no país. Conforme a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a meta fiscal do governo prevê um deficit público de R$ 139 bilhões. Quando levado em consideração o resultado das contas públicas dos estados e municípios, o rombo estimado chega a R$ 143,1 bilhões.
Mais impostos – Nos últimos 12 meses encerrados em junho, o deficit primário bateu em R$167,2 bilhões, o equivalente a 2,62% do PIB. Para a economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Marzola Zara, a meta fiscal de 2017 tem chance de ser cumprida, mas dependerá significativamente de receitas extraordinárias.
“Caso a atividade continue a decepcionar, aumentos de impostos são alternativas impopulares, porém necessárias. O fraco desempenho da arrecadação é o principal fator a colocar em risco o cumprimento da meta fiscal de 2017”, destacou.
31 de julho de 2017
Antonio Temóteo
Correio Braziliense
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