"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 29 de julho de 2017

CLICHÊS EM VOGA NO LINGUAJAR DA POLÍTICA

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Nadando de braçada, só a campeã Etiene…
Quantas vezes você não ouviu ultimamente a expressão “matar no peito”? Dezenas — e nenhuma referente ao jogador que esvazia o peito ao receber a bola, amortece o seu impacto e a deixa escorrer até o pé. No tempo de Domingos da Guia, esse lance era do outro mundo, mas ficou tão corriqueiro que os locutores há muito nem perdem tempo em descrevê-lo. “Matar no peito”, hoje, é uma arte do Congresso — de certos políticos peritos em fazer com que uma grave denúncia caia no vazio ou um escândalo desapareça do radar.
Falando em Congresso, dizia-se até há pouco que o presidente Michel Temer estava “nadando de braçada” entre seus ex-pares. Significava que, com sua habilidade para “costurar acordos”, ele chegaria ao outro lado da piscina — 2018 — e emergiria como um estadista.
COMPRANDO VOTOS – Mas, depois de desnudar-se obscenamente na fita gravada por Joesley Batista, Temer terá de aprender também a nadar costas, peito e borboleta se não quiser se afogar. Só que, pelo visto, prefere comprar votos para ficar à tona, mesmo que isto o obrigue a desmatar, saquear ou taxar o país.
E o que dizer da “zona de conforto”? Ao contrário das antigas zonas boêmia e do agrião, muito mais excitantes, significa um espaço em que uma pessoa se move sem ser ameaçada. Mas, se tal zona existe no Brasil, não há muitos políticos nas proximidades dela. Em sua maioria, eles estão em alguma lista da Lava Jato, da Procuradoria ou da Polícia Federal, o que lhes garante todos os desconfortos que merecem, mesmo que, no fim, não resulte em nada.
FORA DA CURVA – “Matar no peito”, “nadar de braçada” e “estar na zona de conforto” são apenas alguns dos clichês em voga no momento. No ano passado, era o “ponto fora da curva”. E, antes ainda, “apostar todas as fichas”.
Em breve, ninguém apostará uma mísera ficha em nenhum deles.

29 de julho de 2017
Ruy Castro
Folha

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