Os homens de confiança do presidente Michel Temer (PMDB) estão sob suspeita, enfrentam investigações ou já respondem a processos, como réus de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, entre outros. Um deles é Lúcino Bolonha Funaro), preso há um ano no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Acusado de operador do PMDB da Câmara dos Deputados e principalmente do ex-deputado Eduardo Cunha, o doleiro está preso há um ano no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal. É réu em apenas um processo, mas tem dois mandados de prisão que o mantêm na cadeia. Está negociando delação premiada. Foi ele que entregou documentos à Polícia Federal contra Geddel Vieira Lima, determinantes para o decreto de prisão do ex-ministro.
JOSÉ YUNES – O advogado José Yunes, considerado o melhor amigo do presidente da República, é um dos seus principais conselheiros políticos e interlocutor junto ao setor empresarial. Foi alçado a assessor especial no início do governo Temer, mas pediu demissão após ter seu nome citado por delatores da empreiteira Odebrecht. Ainda hoje, no entanto, conversa semanalmente com Temer. É alvo de uma investigação, mas não é réu.
GEDDEL VIEIRA LIMA – Alvo de duas investigações, foi o principal articulador político do presidente junto ao Congresso no primeiro ano da gestão Temer. Como ministro da Secretaria de Governo, tinha carta branca do presidente para negociar cargos e emendas e fechar acordos com partidos da base aliada. Preso acusado de tentar atrapalhar investigações, está em prisão domiciliar.
ROMERO JUCÁ – Inicialmente de um grupo diferente do de Michel Temer no PMDB, o senador por Roraima ganhou a confiança do presidente ao assumir a articulação do impeachment de Dilma Rousseff (PT). Virou ministro do Planejamento do novo governo, mas caiu após a Folha revelar áudio em que reclamava da Lava Jato em conversa com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. É alvo de 13 investigações, mas não réu.
ELISEU PADILHA – Braço direito de Michel Temer e homem forte do governo federal, o ministro-chefe da Casa Civil da Presidência é apontado por delatores da Odebrecht como o autor dos pedidos de dinheiro para campanhas do PMDB. É avaliado como o aliado mais fiel do presidente, de uma “obediência quase cega”. Alvo de dois inquéritos no Supremo, responde também a processos por crimes ambientas e grilagem de terras públicas.
TADEU FILIPELLI – Ex-assessor do governo do DF, Tadeu Filipelli foi preso pela Polícia Federal. Ex-vice-governador do DF, fazia a interlocução do governo com parlamentares e empresários. Atuava em articulações políticas que exigiam sigilo, como a sondagem de ministeriáveis. Foi preso em maio acusado de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo o estádio Mané Garrincha, após delação da Andrade Gutierrez.
ROCHA LOURES – Ponte de Temer com lobistas e investidores, inclusive do mercado internacional, era um dos homens de confiança do presidente desde 2008, quando se conheceram na Câmara. Era tão próximo que foi quem intermediou a conversa com Joesley Batista, em março deste ano. Após ser filmado carregando uma mala de dinheiro da JBS, foi denunciado pela PGR por corrupção passiva. Está em prisão domiciliar.
EDUARDO CUNHA – Aliado do presidente, foi o principal avalista da chegada de Temer ao Palácio do Planalto. Apesar da relação de proximidade, o presidente sempre teve cautela pela personalidade explosiva e inesperada do ex-deputado. Preso em Curitiba, alvo de 30 investigações, condenado por Sergio Moro e réu em quatro processos, ameaça Temer com sua delação premiada, em negociação
MOREIRA FRANCO – O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Wellington Moreira Franco, principal estrategista do governo, é o interlocutor do presidente com a sociedade civil, como com intelectuais e jornalistas. Participa de todas as decisões governamentais e costuma ser a voz decisiva nas escolhas de Temer. É alvo de duas investigações no Supremo. Sua nomeação como ministro foi questionada por ser suposta tentativa de blindagem
CORONEL LIMA – Joao Baptista Lima Filho, o coronel Lima, e Temer são próximos desde a década de 80, quando o coronel assessorou Temer no gabinete da Segurança Pública em SP. A fazenda de Lima era usada pelo presidente em comícios. Ganhou contratos milionários com o governo federal nos últimos anos. A Operação Patmos encontrou documentos que vinculam o coronel a Temer, por meio de obras na casa de uma das filhas do presidente. Delação da JBS diz que foi entregue a ele R$ 1 milhão em dinheiro em 2014, a pedido do presidente. Não é réu e ainda não é formalmente investigado – a PGR fez pedido nas últimas semanas.
HENRIQUE EDUARDO ALVES – Um dos caciques do PMDB mais próximos de Temer, foi nomeado ministro do Turismo, mas acabou se demitindo, por estar envolvido na Lava Jato. Na manhã de 6 de junho de 2017, Henrique foi preso pela Polícia Federal na Operação Manus, que investigava corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro na construção da Arena das Dunas
27 de julho de 2017
Camila Mattoso e Gustavo Uribe
Folha
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