Em depoimento à Justiça Federal em Curitiba nesta sexta-feira, o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, disse que o alto escalão do governo federal se referia ao ex-presidente Lula por diversos apelidos e também por meio do sinal de alisar o rosto na área das bochechas e do queixo, numa referência à barba de Lula. Duque contou ter sido chamado a Brasília para uma reunião em 2007, ocasião em que o então ministro Paulo Bernardo teria lhe relatado que Lula havia determinado que João Vaccari assumisse o papel de arrecadar recursos para o PT junto a empresas que prestavam serviços à Petrobras:
— Ele me disse: “olha, você vai conhecer uma pessoa indicada pelo…” (Duque alisa a barba). Ele fazia esse movimento, não citava o nome. O presidente Lula era conhecido com o chefe, era chamado como “Grande Chefe”, “Nine” (nove em inglês) ou esse movimento com a mão — contou o ex-diretor da estatal no depoimento, alisando novamente a barba.
Segundo Duque, na época da reunião em Brasília, Vaccari ainda não era oficialmente tesoureiro do partido.
— Paulo Bernardo chegou e falou: “olha Duque, a partir de agora você vai ter contato com uma pessoa chamada João Vaccari, vai te procurar, e ele vai fazer os contatos com as empresas” — repetiu o ex-diretor.
QUEM INDICOU – Na audiência com Moro, Duque contou ter conhecido José Dirceu e Antonio Palocci em reuniões na casa do lobista Milton Pascowith, mas negou ter recebido qualquer pedido de pagamento por parte dos dois políticos petistas.
— Todo mundo diz que eu fui indicado por Zé Dirceu. Até onde sei, quando desse processo da minha escolha para a diretoria, houve um embate entre Delúbio (Soares) e Silvio Pereira. Delúbio defendia um outro nome para a diretoria de Serviços, Irani Varela, que foi meu antecessor. O Silvio Pereira defendia o meu nome. O José Dirceu, então ministro (da Casa Civil), foi chamado para dar uma decisão — contou o ex-diretor da Petrobras.
Segundo Duque, Dirceu optou por seu nome: — A decisão foi clara: o PSDB já está contemplado na diretoria da Petrobras (na verdade, Duque se refere à diretoria de outra estatal, Furnas), eu não vou colocar na diretoria da Petrobras e atender a um pedido do doutor Aécio Neves. Quem vai ficar na diretoria é Renato Duque. Este fato fez com que de alguma maneira eu ficasse ligado a uma imagem de José Dirceu — contou Duque no depoimento.
LULA SE DEFENDE – Em nota divulgada pelo Instituto Lula, o ex-presidente afirma que os investigadores da Lava-Jato não conseguiram produzir provas e apelaram para a fabricação de depoimentos mentirosos.
“O desespero dos procuradores aumentou com a aproximação da audiência em que Lula vai, finalmente, apresentar ao juízo a verdade dos fatos”, afirma o comunicado, acrescentando que, conforme a defesa de Lula alertou, o adiamento do depoimento do ex-presidente serviu apenas para que se pudesse encaixar no processo os depoimentos fabricados de ex-diretores da OAS e, agora, o de Renato Duque.
“Os três depoentes, que nunca haviam mencionado o ex-presidente Lula ao longo do processo, são pessoas condenadas a mais de 20 anos de prisão, encontrando-se objetivamente coagidas a negociar benefícios penais”, diz o comunicado.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Lula se faz de coitadinho e de valente, ao mesmo tempo. A bala de prata contra ele chama-se Palocci, cuja delação depende do plenário do Supremo. Mas existe outra bala de prata, cujo nome é Mantega, que escapou de ser preso porque o advogado Batochio inventou que a mulher do ex-ministro estava sendo operada de câncer maligno, mas ela estava fazendo somente uma endoscopia para identificar uma gastrite… O potencial de uma delação de Mantega, que está sob vigilância para não deixar o país (ele nasceu na Itália e tem dupla cidadania), pode ser semelhante ao alcance da delação de Palocci. E tudo é só uma questão de tempo. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Lula se faz de coitadinho e de valente, ao mesmo tempo. A bala de prata contra ele chama-se Palocci, cuja delação depende do plenário do Supremo. Mas existe outra bala de prata, cujo nome é Mantega, que escapou de ser preso porque o advogado Batochio inventou que a mulher do ex-ministro estava sendo operada de câncer maligno, mas ela estava fazendo somente uma endoscopia para identificar uma gastrite… O potencial de uma delação de Mantega, que está sob vigilância para não deixar o país (ele nasceu na Itália e tem dupla cidadania), pode ser semelhante ao alcance da delação de Palocci. E tudo é só uma questão de tempo. (C.N.)
06 de maio de 2017
Deu em O Globo
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