Procuradores da Lava-Jato defenderam nesta quinta-feira o caráter apartidário da operação, após as alegações contra Michel Temer (PMDB), Aécio Neves (PSDB) e Guido Mantega (PT). Numa rede social, o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, disse: “Precisamos retirar as maçãs podres do cesto, mas isso não basta. Precisamos de reforma política e de 10 medidas contra a corrupção”.
Em nota publicada em outra rede social, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima defendeu que a Lava-Jato faz, desde o início, um trabalho apartidário e que não podem encerrar as atividades agora. Lima afirmou ainda que é preciso reformular os sistemas político e legislativo.
“Enquanto não mudarmos a política e as leis processuais e penais, viveremos uma crise atrás de outra”, disse Lima, e Deltan Dallagnol reforçou o desbafo do colega: “Há muitas reformas necessárias, mas a prioritária é a anticorrupção. Ninguém mais aguenta toda essa podridão”, escreveu Deltan.
LUTAR PELO PAÍS – Na semana passada, durante uma palestra em Curitiba, Dallagnol já havia falado sobre lutar pelo país. Hoje, o procurador voltou a comentar sobre a responsabilidade da sociedade com relação aos processos políticos.
“A melhor coisa que a sociedade poderá fazer, além de protestar, será mostrar sua indignação nas urnas, colocando no Congresso em 2018 pessoas comprometidas com as transformações que queremos ver. Não roubarão nosso país de nós. Lutaremos por ele até o fim”, Deltan Dallagnol.
AS DUAS NOTAS – “É preciso acreditar em um trabalho sério desenvolvido pelo Ministério Público Federal desde o início de 2014. Enquanto diziam que éramos contra um partido ou outro, a Procuradoria da República se manteve firme na sua tarefa de revelar a corrupção político-partidária sistêmica que mina todos os esforços da população para trabalhar e crescer por esforços e méritos próprios. Não sejamos maniqueístas de achar que ou é o partido X ou o partido Y o problema. É muito mais que isso. Nem também aceitemos a ideia de que precisamos encerrar as investigações, jogando tudo debaixo do tapete, em troca de uma recuperação econômica. Enquanto não mudarmos a política e as leis processuais e penais, viveremos uma crise atrás de outra. Precisamos acreditar que é possível mudar. Abraços a todos”, disse Santos Lima em sua nota.
“Desabafo desta noite, somando-me ao que colocou abaixo o colega da Força Tarefa, Carlos Fernando. Há muitas reformas necessárias, mas a prioritária é a Anticorrupção. Ninguém mais aguenta toda essa podridão. Se este Congresso não fizer as reformas necessárias contra a corrupção, será uma confissão de incompetência e merecerá a vergonha dos crimes que o cobrem – com as honrosas exceções daqueles que estão lutando por essas mudanças. E a melhor coisa que a sociedade poderá fazer, além de protestar, será mostrar sua indignação nas urnas, colocando no Congresso em 2018 pessoas comprometidas com as transformações que queremos ver. Não roubarão nosso país de nós. Lutaremos por ele até o fim”, escreveu Deltan Dallagnol.
19 de maio de 2017
Marina Oliveira e Juliana Arreguy
O Globo
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