"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 31 de maio de 2017

CONTA NÃO DECLARADA DE MANTEGA NA SUIÇA É MAIS UMA QUESTÃO PARA MEIRELLES


Charge do Baptistão (El País)


Em documento enviado ao juiz Sérgio Moro – matéria de Cleide Carvalho no O Globo de terça-feira – o ex-ministro Guido Mantega nega ter recebido propina da Odebrecht como a empresa afirmou, mas admite possuir uma conta de 600 mil dólares na Suíça, no Banco Pickdet, não declarada à Fazenda como determina a legislação. Essa conta tem o sugestivo nome de Papillon Company e foi, segundo Mantega, decorrente da venda de apartamento de sua propriedade recebido como herança.

Absurdo. Guido Mantega foi titular da Fazenda durante nove anos, uma parte desse tempo no governo Lula outra parte no período Dilma Rousseff. Por que, indago eu, esta é uma questão para Henrique Meirelles? Porque se infringiu a lei e não declarou a Papillon ao IR, claro que Mantega não teria condições morais de reprimir o grande número de contas de brasileiros no exterior, tanto na Suíça quanto nos paraísos fiscais.

ERA DA DESORDEM – Verifica-se que nos períodos Lula e Dilma imperava grande desordem na economia e nas finanças, uma negligência que agora, depois da confissão de Mantega, o Ministro Henrique Meirelles terá que resolver, para determinar o cumprimento da ordem legal. Claro que os titulares dessas contas não são assalariados de classe média, em relação aos quais Meirelles luta para restringir direitos da aposentadoria. São em grande maioria empresários, políticos, executivos de empresas e de bancos.

Tanto assim que transações relativas a composição acionárias de bancos são fixadas em dólares. Recentemente, o dólar funcionou como parâmetro do desligamento de Pérsio Arida, presidente do Banco Central no governo FHC, do BTG Pactual. Quem procura acha. Mas não é esta a questão agora.

E A PREVIDÊNCIA? – Agora encontra-se em foco o debate em torno da reforma da Previdência. O Estado de São Paulo, também nesta terça-feira, publicou reportagem de Igor Gadelha, Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli, destacando a explosão de uma crise na base de Michel Temer no Congresso, registrada por uma cisão, uma vez que a dissidência que surgiu só aceita aprovar a fixação de idade mínima para aposentadoria.

Recentemente o ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega, em artigo na Veja, sustentou a tese de que os servidores públicos são privilegiados em relação aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras regidos pela CLT. Mailson da Nóbrega esqueceu que os funcionários públicos não têm direito ao FGTS, ao contrário dos regidos de Consolidação das Leis do Trabalho.

Mais uma contradição entre os que defendem sempre a aplicação de medidas tidas como de economia sobre os assalariados, deixando para lá o peso de restrições às empresas em geral. Porém, são tantas as contradições do governo Michel Temer, a começar pela trajetória da mala de dinheiro, sequência filmada destacando a performance de Rocha Loures numa corrida de obstáculos, produção de imagens exposta pela Polícia Federal.



31 de maio de 2017
Pedro do Couto

Nenhum comentário:

Postar um comentário