"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 21 de maio de 2017

A TRAMA SE COMPLICA PARA TEMER E TAMBÉM PARA OS IRMÃOS BATISTA

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Joesley e Temer, quando eram grandes amigos
A trama se complica em Brasília. Para Michel Temer e, também, seus algozes, os irmãos Joesley e Wesley Batista, controladores da JBS, uma das maiores indústrias de alimentos do mundo. 
As gravações já conhecidas seriam provas de menor peso entre a documentação coletada pela polícia e por procuradores nas últimas cinco semanas, desde que os irmãos Batista começaram a confessar crimes e cúmplices em PMDB, PT e PSDB, entre outros partidos. Há muito mais, a ser divulgado em breve.
Temer virou um personagem singular na História brasileira: é o primeiro presidente que, no cargo, enfrenta uma investigação por corrupção, organização criminosa e obstrução de Justiça. Ele procura uma pinguela jurídica que lhe permita ganhar tempo para tentar recompor a base política, em rápida desintegração.
BLOQUEIO – Sexta à noite pediu ao Supremo o bloqueio da investigação. Alegou ilegalidades nas provas, em especial na gravação que o incrimina, produzida pelo bilionário Joesley Batista no último 7 de março, em conversa no porão da residência do Jaburu. O juiz Luís Roberto Barroso negou.
No sábado, retomou a ofensiva. Solicitou ao juiz Edson Fachin a suspensão do inquérito para perícia no grampo. Apostou alto, até porque nova recusa do STF seria interpretada quase como uma sentença.
Em discurso, o presidente descartou a possibilidade de renúncia. Fez isso pela segunda vez, no espaço de 72 horas. “Meu governo tem rumo”, disse.
EM DESALENTO – Na vida real, Temer é um governante em desalento, à procura de respaldo para sobreviver no Palácio do Planalto. Em política, tudo é possível, inclusive a recuperação de um governo que está no chão. Por enquanto, as chances são remotas, como se admite até no principal avalista do presidente, o PSDB. 
Sob orientação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, esse partido planeja decidir o próprio destino nesta semana. Se abandonar Temer, o governo pode cair nas horas seguintes. Caso se mantenha atrelado ao presidente investigado, estará jogando com a própria sobrevivência.
Incerto, também, tornou-se o futuro dos irmãos Batista e do grupo JBS. Até a noite de sexta-feira, eles desfrutavam de uma situação bastante privilegiada em relação a outros empresários e companhias privadas investigados no caso Lava-Jato.
O quadro mudou. Isso porque, em tese, como ontem acusou Temer, teriam cometido “o crime perfeito”, um delito do tipo lesa-pátria no qual estimularam uma grave crise política para lucro próprio — usufruindo da imunidade judicial definida no pré-acordo de delação premiada que assinaram na tarde do último 7 de abril.
SEM ACORDO – A dupla de bilionários se recusou a aceitar um acordo de leniência que previa multa de R$ 11,1 bilhões, valor um terço maior do que o acertado pela Odebrecht com a Justiça no Brasil, nos Estados Unidos e na Suíça. Os irmãos Batista preferiram deixar o grupo JBS, do qual detêm 44% do controle, exposto ao risco de sanções financeiras ainda maiores.
Ao mesmo tempo, viram surgir investigações baseadas na suspeita de que multiplicaram a fortuna, manipulando uma crise política que eles mesmos detonaram, com grampos e confissões de suborno pluripartidário envolvendo 1.829 políticos, inclusive o presidente da República.
Essa percepção dominante forçou a Comissão de Valores Mobiliários a se mobilizar, enquanto procuradores passaram a analisar uma revisão do acordo de delação premiada. Ele contém cláusulas de rescisão. Uma delas prevê sua nulidade, se comprovado que os signatários “mentiram ou omitiram, total ou parcialmente, fatos ilícitos que praticaram, participaram ou têm conhecimento”.

21 de maio de 2017
José CasadoO Globo

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