Reportagem de Geralda Doca, Cristiane Jungblut e Letícia Fernandes, O Globo de sexta-feira, revela que o governo está pensando em adiar a reforma da Previdência, pois não tem certeza ainda da vitória e necessita de mais tempo para convencer os deputados que se encontram vacilantes. Convencer no caso, é cobrar fidelidade, de acordo com o que acentuou ontem o jornal da Globonews. Divulgou que o presidente Michel Temer quer conferir o mapa da votação, uma vez que pretende demitir os ocupantes de cargos da administração pública que foram indicados pelos parlamentares que não votaram o Projeto de Lei do Executivo.
Esse comportamento será utilizado também no caso da reforma da Previdência, sendo que enquanto o caso trabalhista havia necessidade apenas de maioria absoluta, no que se refere à reforma da Previdência são necessários 2/3, pois se trata de emenda constitucional.
SERVE DE EXEMPLO – Assim, se o Planalto vai demitir os indicados pelos que não votaram a lei trabalhista, tal atitude servirá de exemplo para os que não votarem a favor da reforma previdenciária, pelas mesmas razões fisiológicas. O governo Michel Temer não deseja correr riscos.
Ontem, a greve projetada pelas centrais sindicais, CUT inclusive, não foi total, mas criou dificuldades no transporte público em Brasília, São Paulo principalmente, onde houve adesões maiores do que no Rio de Janeiro. No Rio de Janeiro, entretanto, professores concentraram-se em frente ao Palácio Guanabara para fazer pressão no sentido de que o governador pague os vencimentos que se encontram em atraso.
DÉFICIT FEDERAL – A situação das contas públicas no plano federal é ruim, como revelou Martha Beck na mesma edição de O Globo. O Banco Central anunciou um déficit de 11 bilhões de reais, recorde negativo para esse mês de 2017.
O governo – tem-se a impressão – não encontrou um rumo certo em matéria de arrecadação fiscal e por isso vem enfrentando uma sequência de déficits. Um dos problemas decorre da baixa produtividade econômica que apresenta reflexos indiretos na receita financeira.
Outro aspecto encontra-se na falta de um combate efetivo à sonegação que balança na medida em que o governo não obtém a confiança da opinião pública. Cria-se com isso uma sensação de desconfiança que leva a que as empresas não cumpram a sua parte na contribuição financeira decorrente da arrecadação de impostos.
PERSPECTIVAS RUINS – O panorama projetado para este ano não é dos melhores, levando-se em consideração o resultado negativo do primeiro trimestre. O governo no caso da reforma da Previdência joga sua etapa mais difícil, já que o insucesso na questão acarretará uma derrota de difícil recuperação.
Afinal de contas estamos ingressando praticamente na metade do ano de 2017. O Executivo vai colocar na mesa todas as cartas de que dispõe, mas o método do toma lá dá cá não acrescenta nada ao perfil ético da administração federal. Pelo contrário.
29 de abril de 2017
Pedro do Coutto
Nenhum comentário:
Postar um comentário