A delação de Alexandrino Alencar, ex-diretor da Odebrecht, relata em detalhes como a empreiteira participou da compra de tempo na TV para a campanha de Dilma Rousseff em 2014. Alexandrino contou aos procuradores em sua delação já homologada que, a pedido de Edinho Silva, então tesoureiro da campanha, deu a três partidos um total de RS$ 21 milhões (R$ 7 milhões para cada um) no caixa dois.
Um partido de esquerda (PCdoB), um de direita (Pros) e outro do alto (ou do céu, o PRB, o apêndice partidário da Igreja Universal). Ou seja, o PT tercerizou a um executivo da Odebrecht a compra de tempo de TV de partidos que se tornaram aliados.
NA SEDE DA ODEBRECHT – Com o PRB, dono de 1m1s de tempo na TV por dia, foram três reuniões na própria sede da Odebrecht, em São Paulo. Todas elas com o presidente do partido e atual ministro da Indústria e Comércio, Marcos Pereira.
Também na Odebrecht reuniu-se com o representante do PCdoB, Fábio Tokarski, que em 2014 foi candidato a deputado federal pela legenda, mas foi barrado pela Lei da Ficha Limpa. O PCdoB tinha direito a 1m12s por dia no horário gratuito — tempo vendido para a chapa PT/PMDB, segundo Alexandrino.
E, finalmente, com Euripedes Júnior, dono do Pros e de 45 segundos por dia de tempo na TV e no rádio, o encontro para acertar o caixa dois foi num hotel em frente ao aeroporto de Congonhas (SP).
DILMA NEGA TUDO – A assessoria de imprensa da ex-presidente divulgou nota intitulada “Não adianta lançarem novas mentiras contra Dilma Rousseff”. O texto afirma que a petista “não tem e nunca teve qualquer relação próxima com o empresário Marcelo Odebrecht, mesmo nos tempos em que ela ocupou a Casa Civil no governo Lula”. A nota também diz que Dilma “sempre manteve uma relação distante do empresário, de quem tinha desconfiança desde o episódio da licitação da Usina de Santo Antônio”.
A assessoria também declarou que a ex-presidente “jamais pediu recursos para campanha ao empresário em encontros em palácios governamentais, ou mesmo solicitou dinheiro para o Partido dos Trabalhadores”. Ainda no texto, a assessoria desafiou Marcelo Odebrecht a produzir provas contra a petista para sustentar as acusações. “Não basta acusar de maneira leviana”, afirmou.
VAZAMENTO SELETIVO – O texto também questiona que tenham divulgado indevidamente apenas o conteúdo dos depoimentos que comprometem Dilma, em detrimento de indícios contra Temer, às vésperas do julgamento da chapa. A assessoria disse que o presidente do TSE, Gilmar Mendes, e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, precisam “cobrar a responsabilidade sobre o vazamento de um processo que corre em segredo de Justiça”.
Por fim, a assessoria afirmou que, apesar do clima de perseguição contra a ex-presidente, “Dilma Rousseff não foge da luta” e vai provar que “sua vida pública é limpa e honrada”.
Já a defesa dos ex-ministros do governo Dilma Guido Mantega e Antonio Palocci disse que não iria comentar trechos de depoimentos que estão sob sigilo, ainda mais sem conhecer a íntegra das declarações prestadas ao TSE A Odebrecht informou que não iria se manifestar, mas esclareceu que está prestando todos os esclarecimentos à Justiça.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A personagem fictícia assumida por Dilma Rousseff na política, que se imaginava ter sido inspirada na peça e no filme “Soninha Toda Pura”, do dramaturgo Ilclemar Nunes, na verdade foi inspirada na série humorística da comediante Cláudia Rodrigues, “A Diarista”, em que ela usava o bordão: “Sou pobre, mas sou limpinha”. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A personagem fictícia assumida por Dilma Rousseff na política, que se imaginava ter sido inspirada na peça e no filme “Soninha Toda Pura”, do dramaturgo Ilclemar Nunes, na verdade foi inspirada na série humorística da comediante Cláudia Rodrigues, “A Diarista”, em que ela usava o bordão: “Sou pobre, mas sou limpinha”. (C.N.)
24 de março de 2017
Lauro Jardim
O Globo
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