O desenhista, humorista, dramaturgo, tradutor, escritor, jornalista e poeta carioca Milton Viola Fernandes (1923-2012), mais conhecido como Millôr Fernandes, usou a sua genialidade para escrever este poema em homenagem ao desnudamento da mulher.
POEMINHA DE LOUVOR AO “STRIP-TEASE” SECULARMillôr Fernandes
Eu sou do tempo
em que a mulher
Mostrar o tornozelo
Era um apelo!
Depois, já rapazinho,
vi as primeiras pernas
De mulher
Sem saia;
Mas foi na praia!
em que a mulher
Mostrar o tornozelo
Era um apelo!
Depois, já rapazinho,
vi as primeiras pernas
De mulher
Sem saia;
Mas foi na praia!
A moda avança
A saia sobe mais
Mostra os joelhos
Infernais!
As fazendas
Com os anos
Se fazem mais leves
E surgem figurinhas
Em roupas transparentes
Pelas ruas:
Quase nuas.
A saia sobe mais
Mostra os joelhos
Infernais!
As fazendas
Com os anos
Se fazem mais leves
E surgem figurinhas
Em roupas transparentes
Pelas ruas:
Quase nuas.
E a mania do esporte
Trouxe o short.
O short amigo
Que trouxe consigo
O maiô de duas peças.
E logo, de audácia em audácia,
A natureza ganhando terreno
Sugeriu o biquíni,
O maiô de pequeno
ficando mais pequeno
Não se sabendo mais
Até onde um corpo branco
Pode ficar moreno.
Trouxe o short.
O short amigo
Que trouxe consigo
O maiô de duas peças.
E logo, de audácia em audácia,
A natureza ganhando terreno
Sugeriu o biquíni,
O maiô de pequeno
ficando mais pequeno
Não se sabendo mais
Até onde um corpo branco
Pode ficar moreno.
Deus,
A graça é imerecida,
Mas dai-me ainda
Uns aninhos de vida!
A graça é imerecida,
Mas dai-me ainda
Uns aninhos de vida!
24 de março de 2017
Paulo Peres
Site Poemas & Canções
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