"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 23 de março de 2017

ODEBRECHT FEZ A OBRA NO SÍTIO DE ATIBAIA EM UM MÊS, TRABALHANDO DIA E NOITE


Sitiado Lula Japones da PF
Charge do Sponholz (sponholz.arq.br)
O ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht Alexandrino Alencar disse, em depoimento a procuradores da força-tarefa da Lava Jato, que a empreiteira baiana fez em um mês as obras de reforma na casa e no lago do sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), frequentado pela família do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o ex-executivo, as obras tocadas pela Odebrecht começaram no dia 15 de dezembro de 2010 e terminaram no dia 15 de janeiro seguinte. O sítio formalmente pertence a Fernando Bittar e Jonas Suassuna, sócios de Fábio Luiz Lula da Silva, filho de Lula.
Alexandrino Alencar disse na delação que a Odebrecht começou a reformar o sítio a pedido da ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva, morta no dia 3 de fevereiro deste ano, vítima de um AVC.
DURANTE A FESTA – Marisa Letícia teria abordado Alencar durante a comemoração do aniversário de Lula, em outubro de 2010, num evento no Centro Cultural do Banco do Brasil, em Brasília.
Marisa teria pedido a ajuda do delator porque temia que as obras no sítio de Atibaia não terminassem antes do fim do ano, quando Lula sairia da Presidência. Até aquele momento as reformas estavam sendo tocadas por uma equipe contratada pelo pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente.
Alencar então resolveu o caso. A Odebrecht mandou dezenas de operários, trabalhando dia e noite para fazer a obra a toque de caixa. Foram feitas reformas na casa, a construção de novos cômodos e obras no lago. O custo da obra passou de R$ 500 mil, tudo pago pela Odebrecht.
BENFEITORIAS – Assim que a obra feita pela Odebrecht foi entregue, em 15 de janeiro de 2011, a OAS entrou para fazer benfeitorias na cozinha do sítio.
Alexandrino Alencar disse aos procuradores que nunca conversou com Lula sobre a obra na propriedade em Atibaia. Ele também afirmou que a obra teria sido um agrado à família do ex-presidente e não teve contrapartida em contratos da Odebrecht com órgãos públicos.
Lula é réu em cinco ações penais –três no âmbito da Operação Lava Jato, uma na Zelotes e outra Janus.
OUTROS “PRESENTES” – Investigações apontam outros presentes da Odebrecht ao ex-presidente e à família, como uma nova sede para o Instituto Lula. A Odebrecht comprou um imóvel em São Paulo, em 2010, onde seria construída a nova sede do Instituto Lula. A negociação, de acordo com os delatores, foi intermediada pela DAG Construtora, que recebeu R$ 7,6 milhões da empreiteira naquele ano. Mas Marisa Letícia não gostou da localização.
Emílio Odebrecht afirmou que a construção do Itaquerão, estádio do Corinthians, foi um presente a Lula em retribuição à ajuda do petista à empresa em seus oito anos no Planalto. Torcedor do time, o ex-presidente atribuía o mau desempenho do clube à falta de um estádio. Com financiamento do BNDES, a arena foi inaugurada na Copa de 2014 e custou R$ 1,2 bilhão.
E o filho mais novo, Luis Cláudio, ganhou da Odebrecht uma orientação de carreira para ajudá-lo a administrar sua empresa, a Touchdown Promoções e Eventos Esportivos, organizadora de um torneio de futebol americano. O agrado ao caçula do ex-presidente teria sido um pedido de um interlocutor de Lula.

23 de março de 2017
Wálter Nunes
Folha

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