A atividade que fez do bicho “Homo” um “sapiens” e que amarra uns aos outros todos os seres vivos tinha, supostamente, sido radicalmente amputada da cultura nacional da qual fizera parte desde o primeiro dia do mundo até então ha 34 anos.
Agora volta à legalidade, mas pela porta da remediação.
Não é, ainda, a reconciliação de um Brasil Oficial humilde com o razoável e com o eterno depois das lições tão duramente aprendidas nestas tres décadas e meia de fúria da devastação ambiental sem concorrência.
Continuam vedados aos espécimes da fauna brasileira os benefícios do único artifício capaz de fazer perdiz valer mais que soja, peixes de rios íntegros, mais que o quilo de sua carne e biomas renderem mais diversificados como deus os fez, que reduzidos a escombros pela incúria humana.
Plantar gramíneas africanas e leguminosas asiáticas (ou introduzir animais exóticos que se tornam pragas) continua sendo o único meio legalmente admitido por nossos ambientalistas e governantes de fazer a natureza produzir dinheiro, nisto que foi o maior paraíso da biodiversidade na Terra...
Os desorientados urbanóides desta geração de brasileiros, arrancados por diletantes apaixonados por si mesmos, que se julgam capazes de revogar as leis da natureza, à vivência de qualquer dos processos que trouxeram a humanidade até onde ela chegou, vivem mortificados pela idéia de que a sua própria sobrevivência é fruto de um crime.
A maior parte acredita piamente, já que o que comemos vem mesmo dos fundos dos supermercados, embaladinho em plástico e sem sangue.
Esse desenraizamento existencial está, com certeza, na base dessa crise “total” que o Brasil está vivendo.
Esse desenraizamento existencial está, com certeza, na base dessa crise “total” que o Brasil está vivendo.
Sem o “pertencimento” a um todo eco-lógico muito maior que o “eu”, o “agora”, o “meu” e o "eu acho portanto submetam-se", que só se assimila fechando a boca e abrindo os olhos e os ouvidos para aprender vivendo integralmente o mato, a beira do rio, os oceanos; mergulhando de corpo e alma nas interações da fauna e da flora que os constroem e que são construídas por eles, o que sobra é essa trágica bateção de cabeça sem sentido em que o Brasil anda perdido.
Que a descriminalização da caça ao javali seja o primeiro passo de uma ampla reconciliação. Sem o culto e a reencenação cerimonial dos processos que definem a reciclagem da vida, é impossivel entender o que somos e qual o nosso lugar na ordem das coisas.
Que a descriminalização da caça ao javali seja o primeiro passo de uma ampla reconciliação. Sem o culto e a reencenação cerimonial dos processos que definem a reciclagem da vida, é impossivel entender o que somos e qual o nosso lugar na ordem das coisas.
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