"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

JANOT TENTOU POUPAR TEMER DA LAVA JATO, MAS O PRESIDENTE TAMBÉM SERÁ INVESTIGADO


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Fotomontagem sem assinatura, reproduzida do Google
A política brasileira quase sempre necessita de tradução simultânea. Costuma-se dar grande destaque a assuntos apenas corriqueiros, enquanto temas da maior relevância às vezes passam despercebidos. Foi justamente o que aconteceu, no último dia 9 (quinta-feira passada), ao ser anunciada a importantíssima decisão tomada pelo ministro Edson Fachin,  já na condição de relator dos inquéritos e processos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal.
DELAÇÃO DE MACHADO – Houve grande repercussão em toda a mídia, porque o ministro atendeu à petição do procurador-geral Rodrigo Janot e autorizou a abertura de inquérito para investigar os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR), o ex-senador José Sarney (PMDB-AP) e Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, por tentativa de obstruir a Lava Jato.
Estranhamente, não saiu nenhuma notícia ou comentário sobre o fato de o procurador-geral ter excluído da investigação o presidente Michel Temer, que também é citado diversas vezes na explosiva delação de Machado e nas gravações dos diálogos com Renan, Jucá e Sarney. (Detalhe: o senador Jáder Barbalho (PMDB-PA) escapou por pouco, porque estava hospitalizado e o médico proibiu que recebesse a visita de Machado, que ia gravar a conversa.)
JANOT AGIU CERTO? – O fato concreto é que Rodrigo Janot mandou incluir até mesmo o ex-presidente José Sarney, que nem possui foro privilegiado, mas entrou no rolo e vai ser investigado pelo Supremo, junto com os parlamentares em exercício de mandato.
E a dúvida agora é saber se o procurador-geral procedeu corretamente ao excluir Temer do inquérito policial. Especula-se que Janot pode ter agido assim para não agravar a nova crise que o país atravessa, causada pelas denúncias de que o presidente da República apoia e participa das manobras para inviabilizar a Lava Jato.
E realmente há uma justificativa para Janot isentar Temer, porque,  na citação direta que Machado lhe fez, o então vice-presidente apareceu pedindo “doação oficial”, e isso é caixa um e não representa nenhum ato ilícito.
TEMER SERÁ INVESTIGADO – Mas esse cuidado que Janot demonstrou ao poupar Temer não vai adiantar nada, porque o presidente também acabará sendo investigado. Quando a força-tarefa ouvir novamente Sérgio Machado e cruzar as informações com as prestações de contas de campanha e tudo o mais, é claro que a participação de Temer na conspiração também será apurada e analisada, de tabela, como se diz no linguajara do basquete.
O Plano A de Temer é conseguir ficar no governo ate o final do mandato e o Plano B inclui o sonho da reeleição, porque ele acha que o Tribunal Superior Eleitoral não cassará a chapa completa e irá apoiar uma estranha tese já esboçada pelo ministro Gilmar Mendes, que é amigo de Temer há mais de 30 anos e não vai se declarar suspeito no julgamento.
Se isso acontecer, o TSE irá derrubar uma jurisprudência sólida, que já causou a cassação de três governadores – Jackson Lago (Maranhão), Cássio Cunha Lima (Paraíba) e Marcelo Miranda (Tocantins).
GRAVAÇÃO REVELADORA – A propósito das ligações de Temer com os caciques do PMDB, o comentarista Roberto Marques não cansa de republicar aqui na Tribuna da Internet um dos trechos das gravações feitas por Sérgio Machado após ser demitido da presidência da Transpetro. Vejam que a conversa com Romero Jucá é bastante clara e reveladora:
MACHADO – Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel [Temer].
JUCÁ – Só o Renan [Calheiros] que está contra essa porra. ‘Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha’. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra.
MACHADO – É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.
JUCÁ – Com o Supremo, com tudo.
MACHADO – Com tudo, aí parava tudo.
JUCÁ – É. Delimitava onde está, pronto.
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PS – Temer tem chances de concretizar o Plano A e ficar no poder até o fim do mandato, entre trancos e barrancos ou tapas e beijos. Mas não conseguirá emplacar o Plano B, que inclui sua reeleição. O resto é perfumaria(C.N.)

15 de fevereiro de 2017
Carlos Newton

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