"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

Cármem Lúcia avisa que não tem espaço na agenda para reunião com Temer e Maia – para salvar Renan



Diretamente do Além, Ernesto dos Santos, o Donga, e o jornalista Mauro de Almeida, atualizaram o primeiro samba gravado da História, em 1916: “O Chefete da Polícia, pelo zap-zap, mandou avisar/ Que lá no Senado tem um cangaceiro para enjaular”...

Em tempos de celulares grampeados pela Polícia Legislativa ou por outros arapongas menos votados, a versão atualizada de “Pelo Telefone” serviria para mostrar que a briga com o Judiciário pode ter um desfecho trágico para o Presidente do Congresso Nacional...

A presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, Carmem Lúcia, mandou avisar (e não foi pelo telefone) que não tem espaço na agenda para aquela reunião que Renan Calheiros pediu para o Presidente Michel Temer marcar, para as 11 horas da manhã desta quarta-feira, no Palácio do Planalto.

A “discussão de relação” entre os poderes executivo, legislativo e judiciário, “para colocar a casa em ordem”, teria a presença de Rodrigo Maia, o presidente da Câmara que embarcou, temerariamente (sem trocadilho infame) na jagunçagem verbal de Renan – que chamou o ministro da Justiça de “chefete da Polícia Federal” e qualificou de “juizeco” o magistrado federal que mandou prender a cúpula da aberração chamada de “Polícia Legislativa”. O mítico Palhasso do Planalto ficou triste e surpreendido com a recusa da ministra em participar do encontro "para acalmar os ânimos"...

Além de simbolizar que a bronca de Renan mexeu com o espírito de corpo do Judiciário, a postura firme e republicana de Carmem Lúcia é um indício de que Renan Calheiros, finalmente, parece próximo de acertar as contas com a “Justiça”. Alvo de pelo menos oito processos que tramitam apenas no STF, fora outros cinco em formato de investigação ou inquérito, Renan seria cabra marcado para perder a presidência do Congresso e o emprego de senador, se não fosse protegido pelo foro privilegiado – cujo espírito é corrompido pelos defensores da politicagem tupiniquim.

A excelente notícia é que a ministra Cármem Lúcia já agendou para o dia 3 de novembro, quinta-feira que vem, o julgamento de uma ação que afeta diretamente Renan Calheiros. O STF decidirá se um réu pode ocupar cargos situados na linha de sucessão da Presidência da República. Em 5 de maio, o STF afastou Eduardo Cunha da presidência da Câmara com tal argumento. Certamente, por isonomia, as razões que atingiram Cunha devem valer para outras autoridades.

Depois do confronto que abriu estrategicamente, de forma calculadamente pensada, Renan Calheiros voltou ontem a alvejar a presidente do Supremo, utilizando um argumento legalmente furado. Renan alegou que o juiz Vallisney Souza de Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, “usurpou a competência do Supremo Tribunal Federal” ao autorizar a ação da Polícia Federal no Senado, com a prisão de quatro policiais legislativos na sexta passada (21 de outubro). Mais do que ninguém, Renan tem a obrigação institucional de saber que membros da Polícia Legislativa não têm foro privilegiado. Assim, como nenhum senador foi diretamente envolvido na bronca judicial, o “pequeno juiz” de primeira instância tem toda a competência para mandar prender a “Polícia” do Renan...

Vale insistir... O fenômeno mais deplorável do desespero do Presidente do Congresso Nacional é que ele não está falando sozinho. Renan se comporta como o porta-voz de uma classe política que usurpou o poder e desponta nos esquemas do crime institucionalizado. Causa estranheza em alguns e nojo em outros o silêncio dos tucanos e afins. Ninguém criticou Renan, exceto a voz estridente do Randolfe. Os craques do impeachment da Dilma (alguém lembra dela?), Antônio Anastásia, Aécio Neves, Aloysio Nunes, Álvaro Dias e tantos outros nada falam... Todos legitimam as agressões de Renan e não fazem defesas estridentes da Lava Jato. Por que será? Ficar em cima do muro tem o risco de desmoronar junto com ele...

A sociedade brasileira está de saco cheio da impunidade. Ninguém suporta mais a farra do foro privilegiado para políticos e altos funcionários públicos. A esperança é que a Lava Jato e afins ajudem a promover uma limpeza. No entanto, cabe insistir por 13 x 13: só uma mudança na estrutura da máquina estatal terá condições reais e objetivas de combater e neutralizar a ação do crime institucionalizado. Sem uma Intervenção Cívica Constitucional, tudo continuará como sempre esteve...

Vira o jogo cabeleira



Cabeleira de Sansão



Cunha espera companhia



Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus. Nekan Adonai!


26 de outubro de 2016
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

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