"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

Quando o Judiciário punirá o Governo de Gangsters?



O jornal alemão "Die Zeit" foi exato na constatação de que o Brasil é submetido a um "Governo de Gangsters". 
O crime institucional e ideologicamente organizado tem hegemonia por aqui, com ares quase absolutos, porque o judiciário falha no cumprimento do papel de moderador republicano. 
Além de ampliar e consolidar a cultura da corrupção, a impunidade dos políticos criminosos inviabiliza o País e, mais grave ainda, legitima a injustiça.

Magistrados conscientes sabem que a judicialização da política é um dos processos mais perigosos para prejudicar e inviabilizar a Democracia - a Segurança do Direito. 

Na política, é temerário fazer Justiça com dois pesos e duas medidas diferentes para situações de gravidade institucional idêntica. Por isto, o Supremo Tribunal Federal tem o dever legal e moral de dar uma resposta rápida, eficaz, justa e perfeita à maioria da sociedade que cansou de ser assaltada, roubada e prejudicada pelos gangsters nos governos.

Basta de demora, postergação e mi-mi-mi! Guardião de nossa Constituição - que a mediocridade cultural brasileira transforma em foro privilegiado para julgar bandidos da politicagem -, o STF tem o dever moral de acelerar o julgamento de problemas que envolvem o Presidente do Congresso Nacional. 

Existem vários motivos concretos para o afastamento de Renan Calheiros. Não vale a desculpinha de que uma decisão contra ele pode afetar a governabilidade do temporário Michel Temer.

Foi apenas uma gotinha de urina no oceano de merda a divulgação das conversas de Renan com o delator Sérgio Machado (ex-Presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobras enlameada pela corrupção). 
Eduardo Cunha foi temporariamente afastado da Presidência da Câmara, depois de ser o algoz-gerenciador do começo do processo de impedimento da Presidenta Dilma - também afastada por decisão soberana da maioria dos deputados. 
A mesma regra clara que afastou Cunha deveria ser aplicada contra Renan.

A situação política da Presidenta afastada Dilma Rousseff tem tudo para se agravar do impedimento quase certo (com desfecho provável em agosto) para um processo criminal. 
O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, já enviou parecer ao STF considerando legais os conteúdos das conversas telefônicas interceptadas entre a Presidenta Dilma e Presidentro e líder máximo Luiz Inácio Lula da Silva. 
O STF precisa agilizar a apreciação sobre a legalidade dos grampos que mexem com Dilma e Lula. O STF está demorando demais...

Também é imperdoável a demora em devolver à primeira instância, no caso à 13a Vara Federal em Curitiba, pelo menos um dos inquéritos que apuram a tentativa de Lula em obstruir a ação do judiciário nos processos da Lava Jato. 
Lula não tem foro privilegiado. O afastamento de Dilma prejudicou a manobra jurídica de nomear Lula para ministro-chefe da Casa Civil, apenas para assegurar o questionável "direito" de Lula escapar da vara do Sérgio Moro. 

Os ministros do STF deveriam levar em conta que a maioria esmagadora da sociedade brasileira considera vergonhoso este "privilégio" de tratamento dado a Lula - cujo Instituto o proclama como "inocente de tudo" e "vítima de uma grande injustiça"...

O STF tem de dar respostas mais rápidas à sociedade. 
A providencial morosidade a favor de políticos sob suspeita é uma aberração judicial. Ladrões de galinha ou qualquer outra vítima de alguma forma de "rigor seletivo" são sacrificados, desmoralizados e punidos, em velocidade supersônica, no Brasil sob desgovernança do crime organizado. 
A mais alta corte do judiciário brasileiro precisa dar o bom exemplo com celeridade, eficiência e eficácia.

Os bons exemplos no judiciário frutificam. Não é à toa que o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, promete ir a Curitiba, na semana que vem, acompanhado do Diretor-Geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, para reiterar ao juiz Sérgio Moro e à Força Tarefa da Lava Jato que o governo do Presidento interino Michel Temer apóia toda a operação de Limpeza. 
Moraes e Daiello vão assegurar a manutenção de todos os policiais e técnicos que atuam no caso. 
O gesto politicamente simbólico é para deixar claro que o peemedebista Temer não pensa em impedir ou atrapalhar as investigações - conforme algum grampo indiscreto de delator premiado possa vir a sugerir.

Resumindo: Não dá mais para brincar com a impunidade. 
Os tribunais superiores do judiciário brasileiro precisam comprovar, com atitudes e decisões, o compromisso no combate à corrupção. 
A guerra do fim dos imundos, de todos contra todos, contará com muitos "machados" para cortar cabeças à prêmio...

Enfim, a maioria da sociedade brasileira quer saber quando o judiciário, efetivamente, vai punir e impedir o governo dos gangsters.

Se demorar muito, vamos tomar outro "7 a 1" simbólico dos rigorosos jornalistas alemães dos Die Zeit da vida...

Diferença entre justo e correto

Piadinha, de fundo moral canalha, que circula na internet, estabelecendo uma diferença de interpretação cínica entre os conceitos de justo e correto:


Coincidentemente, dois juízes encontram-se no estacionamento de um MOTEL.

Constrangidos, reparam que cada um estava com a mulher do outro.

Após alguns instantes silentes com a "saia justa", mas mantendo a compostura própria de magistrados, em tom solene e respeitoso, um diz ao outro:

- Nobre colega, inobstante este fortuito imprevisível, sugiro que desconsideremos o ocorrido, crendo eu que o CORRETO seria que a minha mulher venha comigo, no meu carro, e a sua mulher volte com Vossa Excelência no seu...

Ao que o outro magistrado respondeu, também com uma brilhante interpretação de julgador a favor da causa própria:

- Concordo plenamente, nobre colega, que isso seria o CORRETO, sim... No entanto, não seria JUSTO, levando-se em consideração que vocês estão saindo e nós estamos entrando no Motel...

Reza a lenda que, tempos depois, deforma justa e correta, após longo processo de conciliação, cada um ficou com a mulher do outro, e todos viveram felizes para sempre, como nos melhores contos de fadas do judiciário brasileiro...


Peso do Cunha



As aberrações continuam: Mesmo "afastado", mas ditando as ordens para o "centrão" no parlamento, Eduardo Cunha continua tirando onda com a nossa cara.

O presidente afastado da Câmara custa por mês aos cofres públicos pelo menos R$ 541 mil. 
Só o administrador da mansão em que ele mora recebe R$ 28 mil por mês. Cunha tem três cozinheiros, garçom, quatro motoristas, passagens aéreas e outras incontáveis mordomias.

No mínimo, para manter o "reinado" dele, o País desperdiça 20 salários mínimos por dia.

Machado corta todos



Um dos trechos mais brilhantes da análise do gravador Sérgio Machado em seus "grampos" agora divulgados resume muito bem a situação da classe política em Bruzundanga:

"Tá todo mundo se cagando, presidente. Todo mundo se cagando. Então ou a gente age rápido. O erro da presidente [Dilma] foi deixar essa coisa andar. Essa coisa andou muito. Aí vai toda a classe política para o saco. Não pode ter eleição agora".

Melhor retrato da conjuntura brasileira, impossível...


Aviso aos amigos

Esta pode ser uma das últimas edições do Alerta Total.

Corremos risco de paralisar nossas atividades a qualquer momento, caso nossa internet seja cortado por falta de pagamento.

Caso não consigamos superar a dificuldade financeira em tempo hábil, formalizaremos a decisão drástica de mudar de profissão, depois de 34 anos de jornalismo.

Embora não pareça, nem transpareça para a maioria dos leitores, é muito sacrificante ser um mendigo de luxo, em formato morto-vivo, no jornalismo brasileiro cada dia mais pobre moral e economicamente.



Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus. Nekan Adonai!


26 de maio de 2016
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. Editor-chefe do blog Alerta Total: www.alertatotal.net. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos.

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