Tão logo saiu o resultado da votação no Senado na manhã desta quinta-feira, os jornais internacionais estamparam na capa de seus sites a notícia sobre a admissibilidade do processo de impeachment e o consequente afastamento da presidente Dilma Rousseff. Com um placar que surpreendeu até a oposição, 55 senadores votaram a favor e 22 contra — eram necessários pelo menos 40 votos.
FIM DE JOGO
“Brasil: Dilma Rousseff afastada do poder”, escreveu o francês “Le Monde”, acrescentando: “Fim do jogo para Dilma Rousseff. Uma maioria de 55 senadores votou, na quinta (12), pela suspensão do mandato da presidente e, assim, de seu afastamento do poder por até 180 dias. Ela é acusada pelos senadores de ter maquiado contas públicas. A senhora Rousseff será substituída, durante o dia, por seu vice-presidente, Michel Temer, a quem ela acusa de golpe de Estado institucional”, explica o “Le Monde”.
LÍDER IMPOPULAR
O jornal americano “The New York Times” destacou a “retirada de uma líder profundamente impopular cujo destino político lentamente em queda foi encarnado por uma raiva pública generalizada em relação à corrupção sistêmica e a uma economia destruída”.
“Descrevendo o esforço para removê-la como um golpe de Estado, Dilma, a primeira mulher a ser presidente do Brasil, tem repetidamente rejeitado os apelos para renunciar, prometendo continuar sua luta para permanecer à frente do maior país da América Latina”, escreveu o jornal.
O diário ressaltou ainda que o “vice-presidente Michel Temer, condenado por violar limites de financiamento de campanha, estará agora sob tremenda pressão para conter a pior crise econômica do Brasil em décadas”.
O DIA MAIS TRISTE
O britânico “The Guardian” elevou à página principal de seu site uma foto em que Dilma aparece cabisbaixa contra um fundo preto.
“A menos da metade de seu mandato, Dilma Rousseff foi despojada de suas funções na Presidência por pelo menos seis meses, após senadores votarem com o placar 55-22 pelo impeachment e para colocá-la em julgamento”, escreveu o jornal.
Em seguida, o “Guardian” cita a fala de um político brasileiro sobre esta quinta (12) ser “o dia mais triste para a jovem democracia do Brasil”, e escreve que a decisão final será provavelmente mais política que legal, já que os “juízes de Dilma serão senadores, muitos deles acusados de crimes ainda mais graves”.
O argentino “Clarín” também destacou o tom político do julgamento. “Após uma longa sessão que se estendeu por mais de 20 horas, o Senado do Brasil decidiu que a presidente Dilma Rousseff será submetida a um julgamento político e, assim, deverá deixar o cargo por 180 dias.”
CATÁSTROFE ECONÔMICA
O espanhol “El País” afirmou que os senadores, ao discursarem a favor do impeachment, citaram as pedaladas fiscais, mas acabaram se referindo mais “ao catastrófico ritmo da economia” e defenderam, de forma geral, “a necessidade de mudar de governo para que a perspectiva mude”.
A reportagem destacou que a “cansativa e histórica sessão plenária”, com duração de 21 horas, transcorreu sem os “excessos chocantes” da votação na Câmara. Além disso, o jornal publicou um perfil sobre Temer, intitulado “O novo presidente: Temer, um político discreto e ambicioso”.
“MULHER INOCENTE”
A emissora britânica BBC, por sua vez, lembrou que o julgamento pode durar até 180 dias, o que significaria que Dilma estaria suspensa durante os Jogos Olímpicos no Rio, que começam em 5 de agosto.
A rede citou o discurso de José Eduardo Cardozo, advogado-geral da União, afirmando que o pedido de impeachment não tem base jurídica e que a oposição queria remover uma “mulher inocente”, no que seria uma “injustiça histórica”.
12 de maio de 2016
Deu na Internet
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