PICCIANI SAI DE FININHO
No PMDB, que anunciou o desembarque do governo há duas semanas, o líder Leonardo Picciani (RJ) liberou a bancada para votar conforme o desejo de cada um e anunciou que os deputados do partido irão se reunir esta semana para discutir posição sobre o afastamento. A maioria dos deputados da bancada, hoje, é a favor do impeachment, o que pode resultar em posição majoritária oficial contrária ao governo.
— O PMDB tem posições divergentes. Alguns a favor, outros contra e outros indefinidos. E, por esta razão, não emitiremos nenhuma orientação. Estarão livres para votar de acordo com sua consciência — disse Picciani.
PP ANUNCIA DEBANDADA
No PP, segundo maior partido da base, o presidente Ciro Nogueira (PI), anunciou na semana passada que ao menos 40 dos 57 parlamentares, entre deputados e senadores, são contra o impeachment. Mas o quadro mudou e nesta terça-feira mais 17 deputados anunciaram apoio ao afastamento, selando a derrota da presidente Dilma Rousseff. Dos 47 votos, 31 já são contra o governo e outros quatro estão indecisos.
— No PP, a pressão de Ciro não está tendo resultado. Pelo contrário. Os indefinidos estão aos poucos definindo o voto contra Dilma — disse um parlamentar.
MÁ NOTÍCIA DO PR
O líder do PR, Maurício Quintella (AL), trouxe mais uma má notícia para o Planalto. Apesar das pressões da Executiva para que os deputados fechem questão a favor de Dilma, Quintella decidiu abdicar da liderança para poder votar pelo impeachment. O deputado disse que a maioria dos 40 deputados tem a mesma opinião que ele e relatou que sua base eleitoral não o perdoaria caso ajudasse Dilma. O deputado não compareceu à sessão da comissão e afirmou que não pode liderar a bancada para uma posição que, diz, levará o país ao colapso.
— Tomei minha decisão e sei que será acompanhada por grande parte da minha bancada, que é a favor do impeachment. Não só tenho absoluta certeza de que a presidente cometeu crime de responsabilidade, que ela atentou contra o Orçamento do país, como, do ponto de vista político, achamos que o governo não tem a menor condição de tirar o país da crise — afirmou.
REBELDIA NO PDT
No PDT, apesar de o presidente da legenda, Carlos Lupi, ter prometido a Dilma apoio integral de sua bancada, de 20 deputados, inclusive tendo fechado questão sobre o tema, parlamentares não querem cumprir a decisão partidária, e só metade da bancada pretende votar contra o afastamento de Dilma. Para pressionar os deputados, Lupi enviou uma carta a todos os parlamentares dizendo que quem não cumprir a decisão partidária poderá até ser expulso da legenda.
“Forças de direita ressurgem aglutinadas promovendo a derrubada política, sem base fática-legal, de um governo legitimamente eleito. Tomo a iniciativa de dirigir-me aos nossos parlamentares para cientificá-los do caráter vinculante da nossa decisão e das severas sanções previstas pelo estatuto para o membro que desatenda aquela deliberação coletiva”, diz trecho da carta.
PSB É A FAVOR
A Executiva do PSB aprovou, na segunda-feira, documento recomendando suas bancadas a votar pelo impeachment, apesar dos apelos do ex-presidente Lula para que o partido se mantivesse neutro. Apesar de não fechar questão para os votos em plenário, foi feito um pacto para que os membros do partido votassem a favor da admissibilidade na comissão processante.
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, disse que o partido não tem tradição de fechar questão e, embora considere equivocada, respeita a decisão da minoria que é contra o impeachment.
REDE RACHADA
A Rede Sustentabilidade, partido liderado pela ex-senadora Marina Silva, irá rachada para a votação do processo de impeachment no plenário da Câmara. Apesar de Marina e o partido terem divulgado nos últimos dias posição favorável ao afastamento da presidente Dilma Rousseff, dois deputados do partido votarão a favor e dois contra.
O placar na legenda foi definido na segunda-feira com o posicionamento do deputado Aliel Machado (PR), que foi titular do partido na comissão que debateu o tema. Aliel disse que chegou à Câmara na segunda ainda em dúvida, mas que decidiu votar contra por entender que uma posse de Michel Temer não seria solução, além de livrar o peemedebista de investigações na Operação Lava-Jato.
Também votará contra o impeachment o líder da legenda, Alessandro Molon (RJ), enquanto Miro Teixeira (RJ) e João Derly (RS) se posicionaram a favor do afastamento de Dilma.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Com a debandada do PP, a última ficha caiu e o impeachment se torna uma realidade. Agora, mais uma vez, o comentarista Wagner Pires terá de refazer os cálculos, para proclamar que Dilma Rousseff já não tem a menor chance de continuar na Presidência da República. (C.N.)
13 de abril de 2016
Júnia Gama, Evandro Éboli, Eduardo Bresciani, Maria Lima e Simone Iglesias
O Globo
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