Na versão oficial, esta mensagem foi gravada por Temer para ser enviada a um amigo e, por um simples erro no manejo do celular, o arquivo acabou sendo mandado para um grupo do Whatsapp e viralizou, como se diz no moderno linguajar da informática.
Caramba, que lance genial! Jamais vi nada igual, em exatos 50 anos de atuação no jornalismo político, iniciados em 1966 no Globo, onde trabalhava com o lendário jornalista Antonio Vianna de Lima, que evitara que Carlos Lacerda fosse assassinado no plenário da Câmara ao fazer um discurso contra o então presidente Juscelino Kubitschek, num episódio da maior importância e que está esquecido, não há nada na internet. Um deputado da oposição, me parece que seu nome era Maldonado, militar, sacou o revólver para matar Lacerda, que discursava da tribuna, e Vianna, que estava desarmado, lhe deu um soco na cara. Na revista Manchete da época, há uma matéria extensa sobre o incidente, ilustra com foto de Vianna, após ter agredido Maldonado. Mas isso é outro assunto, uma lembrança do grande jornalista que me levou a entrar nesta fascinante profissão.
A BALA DE PRATA
Voltando ao assunto atual, o importante é que Michel Temer, para selar o impeachment da presidente Dilma Rousseff, usou habilmente como bala de prata esta mensagem no Whatsapp. O objetivo era convencer alguns deputados do baixo clero da base aliada, que temiam o cancelamento de importantes programas sociais, como o Pronatec, o Fies e o Bolsa Família, que já existiam em governos anteriores, mas representaram novidades na balada do marketing político do PT, em que nada se cria e tudo se copia, como dizia Abelardo Barbosa, o grandioso “Chacrinha”.
Na mensagem que teria “vazado acidentalmente”, Temer disse tudo o que os deputados indecisos esperavam ouvir, com ênfase ao “governo de salvação nacional” etc. e tal. Estas palavras tinha endereço certo e realmente ajudaram a convencer um significado número de deputados indecisos.
UM HOMEM DISCRETO
Quem conhece pessoalmente Michel Temer sabe que uma de suas principais características é a discrição. Professor de Direito Constitucional, autor de obras jurídicas consagradas, é mestre dos bastidores, sempre evita se expor. Assim como o portentoso Ulysses Guimarães, a quem sucedeu no comando do PMDB, nunca teve grandes votações. Antes de ser vice-presidente da República, chegou a perder eleição, ficou na suplência, rapidamente arranjou na Justiça Eleitoral um macete de valete e dama, como se dizia antigamente, um deputado foi logo cassado e ele assumiu.
Agora, Temer está chegando à Presidência da República, para um mandato de dois anos e oito meses, se antes disso não for cassado pela Justiça Eleitoral. Não é nenhuma Brastemp, como se diz na linguagem do marketing, graves acusações pesam contra ele, mas com certeza o vice dá de 7 a 1 em Dilma, a mulher sapiens, que é uma nulidade completa.
Sem a menor dúvida, Temer é a maior raposa política da atualidade. Se tiver juízo (espera-se que tenha), fará como Itamar Franco, dividirá o poder com o Congresso, renegociará o maior problema brasileiro (a dívida pública) e soltará novamente as amarras que prendem este grandioso país no subdesenvolvimento. Pois que assim seja.
13 de abril de 2016
Carlos Newton
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