"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 29 de novembro de 2015

CUNHA CANSOU DO PAPEL DE IDIOTA E VAI PEDIR O IMPEACHMENT



Charge de Duke (jornal O Tempo)
















Com o novo escândalo petista, o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), teve duas reações. A primeira foi imediata, ele passou a respirar aliviado, porque depois de meses de massacre na mídia, pela primeira vez não se ouviu mais falar dele. Mas a segunda reação demorou a acontecer, porque Cunha teve da raciocinar sobre as demais consequências das insanidades cometidas pelo senador Delcídio Amaral e concluiu que seu acordo com Lula, Dilma e Jaques Wagner não tem mais o menor valor.
Nas conversas gravadas pelo filho de Cerveró, o líder do governo conseguiu a façanha de unir os cinco ministros que compõem a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, que irão julgar os processos do chamado petrolão. Agora, Teori Zavascki, Gilmar Mendes, Celso de Mello, Cármen Lúcia e até Dias Toffoli estão inteiramente unidos na intenção de colocar na cadeia todos os envolvidos no esquema montado na Petrobras.
Não vai mais haver aquela leniência que ocorreu no julgamento do mensalão (Ação Penal 470), com a recriação dos embargos infringentes, que redundou na absolvição coletiva por falta de formação de quadrilha, vejam bem a que ponto tinha decaído a Justiça brasileira.
PAPEL DE IDIOTA
Cunha percebeu que daqui para frente tudo será diferente, como dizia Roberto Carlos. O Supremo e os outros tribunais vão decidir na forma da lei, sem a menor influência política, acreditem se quiserem. Isso significa que não haverá a menor conivência na finalização do inquérito contra o presidente da Câmara e no julgamento do respectivo processo penal.
Diante dessa realidade imutável, Cunha enfim notou que estava fazendo papel de idiota ao respeitar o acordo proposto por Lula e Dilma, com interveniência do chefe da Casa Civil, Jaques Wagner. Eles prometeram influir junto ao Supremo, à Procuradoria-Geral da República e à Câmara dos Deputados, para que o parlamentar do PMDB não seja cassado, mas tudo isso é apenas uma espécie de estelionato político, pois estão lhe prometendo uma coisa que jamais conseguirão cumprir.
Cunha acordou do pesadelo, se olhou no espelho e decidiu virar o jogo. Depois de ter anunciado que sua decisão sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff ficaria para o próximo ano, porque não havia clima e antes disso a Câmara teria de pronunciar sobre o parecer do Tribunal de Contas da União, o deputado simplesmente voltou atrás e prometeu dar a decisão na próxima semana, talvez na segunda-feira.
O IMPEACHMENT VEM AÍ
E a decisão todos já sabem. Eduardo Cunha enfim vai exercer seu poder monocrático e aceitar um dos pedidos de impeachment que já conseguiram parecer favorável da Assessoria Jurídica da Câmara – o requerimento dos juristas Helio Bicudo/Miguel Reale Jr./Janaína Paschoal ou a solicitação apresentada pelo advogado Luís Carlos Crema. Qualquer um dos pedidos serve e Cunha vai escolher o que estiver melhor estruturado.
Com isso, fica nas manchetes como condutor do processo, inicialmente escolhendo os integrantes da Comissão Especial que julgará a presidente Dilma e em seguida indicando o relator. Com isso, ganha a simpatia de parte da opinião pública que anseia em se livrar deste governo, do PT e de Lula. E aumenta suas chances de sofrer na Câmara uma condenação mais leve, que não acarrete a cassação de seu mandato.
A situação hoje é exatamente esta, com muita expectativa quanto à mudança de posição de Cunha no intrincado xadrez da política nacional. E o resto é paisagem, como dizia o genial escritor Érico Veríssimo.

29 de novembro de 2015
Carlos Newton

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