As instituições brasileiras estão funcionando. As investigações da Lava Jato não poupam ninguém, sejam políticos, empreiteiros e, agora, banqueiros.
Assim, aos poucos, num processo incremental de melhora institucional, estamos dando os passos necessários para tornar a corrupção não algo inexistente, já que isso é impossível, mas um fenômeno bem menos frequente na nossa sociedade.
Esse é o discurso em que gostaríamos de acreditar. Ele é sancionado por órgãos como ONU, FMI, Banco Mundial e por boa parte da literatura acadêmica sobre corrupção. O cientista social sueco Bo Rothstein, contudo, tem uma visão um pouco menos otimista do problema.
A maioria das pessoas, corruptos inclusive, admite que a prática é imoral e prejudica a sociedade. Ainda assim, não deixa de recorrer a ela, pois sabe que adotar um comportamento mais virtuoso em escala individual não adiantaria nada. A teoria dos jogos mostra que não faz sentido ser a única pessoa honesta na cidade.
Segundo Rothstein, é muito difícil quebrar essa lógica com passos incrementais, daí que ele defende o que chama de "big bang theory". Para um país mudar de patamar na questão da corrupção, é preciso que tome várias medidas em várias áreas e num curto espaço de tempo.
Ele reconhece que não há muita evidência empírica a sustentar sua tese, mas a ilustra com o caso da própria Suécia, que, até o início do século 19, era tida como um país particularmente corrupto -talvez não em níveis africanos, mas decerto comparável ao Brasil.
Em meados do século, porém, os suecos adotaram uma série de reformas que teriam produzido o tal do "big bang". Elas incluíram, entre outros itens, leis anticorrupção, educação pública obrigatória, liberdade de imprensa e de religião, fim das guildas, mudanças no sistema eleitoral e no recolhimento de taxas. Espero que Rothstein esteja errado, pois sua receita é mais difícil.
29 de novembro de 2015
Hélio Schwartsman
Assim, aos poucos, num processo incremental de melhora institucional, estamos dando os passos necessários para tornar a corrupção não algo inexistente, já que isso é impossível, mas um fenômeno bem menos frequente na nossa sociedade.
Esse é o discurso em que gostaríamos de acreditar. Ele é sancionado por órgãos como ONU, FMI, Banco Mundial e por boa parte da literatura acadêmica sobre corrupção. O cientista social sueco Bo Rothstein, contudo, tem uma visão um pouco menos otimista do problema.
A maioria das pessoas, corruptos inclusive, admite que a prática é imoral e prejudica a sociedade. Ainda assim, não deixa de recorrer a ela, pois sabe que adotar um comportamento mais virtuoso em escala individual não adiantaria nada. A teoria dos jogos mostra que não faz sentido ser a única pessoa honesta na cidade.
Segundo Rothstein, é muito difícil quebrar essa lógica com passos incrementais, daí que ele defende o que chama de "big bang theory". Para um país mudar de patamar na questão da corrupção, é preciso que tome várias medidas em várias áreas e num curto espaço de tempo.
Ele reconhece que não há muita evidência empírica a sustentar sua tese, mas a ilustra com o caso da própria Suécia, que, até o início do século 19, era tida como um país particularmente corrupto -talvez não em níveis africanos, mas decerto comparável ao Brasil.
Em meados do século, porém, os suecos adotaram uma série de reformas que teriam produzido o tal do "big bang". Elas incluíram, entre outros itens, leis anticorrupção, educação pública obrigatória, liberdade de imprensa e de religião, fim das guildas, mudanças no sistema eleitoral e no recolhimento de taxas. Espero que Rothstein esteja errado, pois sua receita é mais difícil.
29 de novembro de 2015
Hélio Schwartsman
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