O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem hoje muitos problemas. Um deles o pegou de surpresa, porque a grande amizade com o empresário José Carlos Bumlai sempre fora vista por Lula como uma solução, jamais um problema. Mas as coisa mudam com rapidez, especialmente na política. Agora, uma das maiores preocupações de Lula é justamente a mania de Bumlai dar declarações a jornalistas. Ao invés de seguir os conselhos de Lula e dizer que não sabia de nada, o empresário gosta de se fazer de advogado e apresentar a própria defesa. O resultado é sempre catastrófico. No final de semana, contrariando a vontade de Lula, deu entrevista à Folha e se enrolou todo nas explicações. Aqui na Tribuna da Internet, chegamos a apontar as contradições, como dizer ter pago R$ 12 milhões numa fazenda, mas o negócio foi desfeito e o proprietário lhe devolveu R$ 12,6 milhões. Ou seja, Bumlai teria recebido um adicional de R$ 600 mil, mas sob qual justificativa? Que vendedor age assim, tão prodigamente?
NA CPI, TERÇA-FEIRA
Lula se preocupa, porque a CPI do BNDES na Câmara marcou para esta terça-feira o depoimento de Bumlai, para explicar suspeitas de tráfico de influência e irregularidades na obtenção de empréstimo do banco de fomento. A convocação de Bumlai foi aprovada na semana passada, durante um momento de desatenção da base aliada do governo Dilma Rousseff, e a oposição conseguiu reunir votos suficientes para aprovar o depoimento do amigo de Lula.
As denúncias são de que o BNDES contornou uma norma interna que proíbe a concessão de empréstimos a empresas cuja falência tenha sido requerida na Justiça. Mesmo assim, concedeu crédito de R$ 101,5 milhões a Bumlai. Para justificar o favorecimento, o BNDES argumenta que o empréstimo seguiu as regras do banco, porque a operação foi garantida pelo Banco do Brasil e pelo BTG.
A justificativa do BNDES é mentirosa. A operação foi totalmente irregular, porque o Banco do Brasil jamais poderia ter avalizado a empresa de Bumlai, que já estava em péssima situação financeira e inadimplente em relação a financiamento anterior concedido pelo próprio BB. Quanto ao BTG, é um banco particular, faz operações com quem bem entender. Mas o BNDES e o BB, que movimentam recursos públicos, não têm como explicar esse privilégio ao amigo especial de Lula, que tinha autorização para entrar a qualquer hora no Planalto, vejam a que ponto chegava a estreita ligação entre os dois.
CRÍTICAS DO TCU
Desta vez, parece que os integrantes da CPI resolveram fazer o dever de casa. Na quarta-feira passada, dia 18, vários deles foram ao Tribunal de Contas da União conversar com o procurador do Ministério Público de Contas do TCU, Marinus Marsico, que está investigando os contratos de empréstimos internacionais do BNDES.
Marinus fez duras críticas à atuação do banco. “Do modo como funciona hoje, era melhor que não existisse”, afirmou aos parlamentares, segundo reportagem da Folha. Ele disse também dizendo que os critérios do banco para escolher os beneficiários são “obscuros” e favorecem determinadas empresas em detrimento de outras.
Havia na CPI um requerimento de convite para Marinus ir falar na Câmara, mas foi rejeitado pela maioria aliada ao governo Dilma. Seria importantíssimo a convocação dele. Vamos ver se a base aliada bobeia de novo e permite a aprovação.
23 de novembro de 2015
Carlos Newton
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