"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 19 de setembro de 2015

NUM GOVERNO RUIM COMO O ATUAL, O MENOS PODE SER MAIS


José Aparecido de Oliveira, sem favor algum, foi um dos homens públicos mais influentes de Minas. Deputado Federal por duas legislaturas, secretário de Estado, ministro, governador do Distrito Federal e embaixador do Brasil em Portugal, José Aparecido, mais do que isso, sempre foi lembrado quando a necessidade era a construção política. Secretário de Jânio Quadros, na campanha na qual esse enfrentou e venceu o Marechal Lott na disputa para a Presidência da República, Aparecido certa vez alertou Jânio para o desempenho da campanha do Marechal, que se fazia presente em todo país. Jânio, sem receio dessa caminhada, retrucou: “Aparecido meu bem; onde não pudermos ir, o Marechal vai por nós”.
O Marechal Lott, cuja postura nacionalista, corajosa e independente emoldurava sua personalidade, não era um homem de votos. Onde ia Lott, Jânio se transformava em favorito.
Essa realidade é mais ou menos o que tem sucedido com o ativismo da presidente Dilma Roussef, em especial, quando faz seus desastrados pronunciamentos. Meu Deus! A oposição não tem projeto, não tem mensagem, não tem nomes, líderes e, em resumo, não tem trabalho. Tal como o governo, politicamente, sua construção é um jogo de setenta erros, suas iniciativas estão sempre em descompasso com a realidade, suas prioridades são equivocadas e, pior, suas ações emergem de onde nunca poderiam acontecer. Ambos pecam com vontade e determinação.
UNANIMIDADE CONTRA
No governo, em seu ministério, por exemplo, falemos da figura de Aloizio Mercadante. Raras vezes nesses últimos tempos se ouviu aprovação tão unânime como a que se deu na semana passada, quando a “Folha de São Paulo” noticiou a decisão de Dilma de substituí-lo.
Vivas em todo país, show de fogos, a Bolsa subiu, o Dólar quis baixar até o momento em que Dilma, com o seu melhor penteado, magrinha e esbelta, veio à TV para dizer que nunca pensara em substituir o infeliz Aloizio. Ninguém quer Mercadante. Na sua anunciada saída, somente o Estado de SP se irritara com a possibilidade de tê-lo de volta, mas Dilma não. Amarrou-o na cadeira onde Mercadante está sentado.
EVA CHIAVON
Outro fato da mesma safra, apenas para ficarmos nas debilidades mais recentes foi a iniciativa da secretária do Ministério da Defesa, Eva Chiavon, de retirar da gaveta onde estava há três anos dormindo, junto com sua lixa de unhas, o Decreto 8515, uma piração que retirava dos ministros militares faculdades meramente formais e funcionais, deixando-as como prerrogativas únicas do ministro Jacques Wagner, titular da pasta.
O país não mudaria em nada com essas mudanças, mas Chiavon queria meter sua colher, deixar sua marca. E que marca. O ministro baiano estava numa chatice na China, naturalmente vendo equipamentos e armamentos da indústria local, assunto com o qual não tem qualquer relação. Jacques Wagner é ministro da Defesa, não do ataque e quer a paz dos terreiros da Bahia ao meio-dia.
Se houvesse espaço, ficaríamos aqui, o dia e a noite, relatando o quanto muitas vezes o fazer nesse governo tem sido desastroso. Se Dilma tivesse menos ministérios, menos assessores, se talvez trabalhasse apenas das 9h às 17h, o orçamento seria enxugado, a folha ficaria mais barata e o país, quem sabe, sofreria menos. Fica a sugestão.

19 de setembro de 2015
Luiz Tito
O Tempo

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