José Aparecido de Oliveira, sem favor algum, foi um dos homens públicos mais influentes de Minas. Deputado Federal por duas legislaturas, secretário de Estado, ministro, governador do Distrito Federal e embaixador do Brasil em Portugal, José Aparecido, mais do que isso, sempre foi lembrado quando a necessidade era a construção política. Secretário de Jânio Quadros, na campanha na qual esse enfrentou e venceu o Marechal Lott na disputa para a Presidência da República, Aparecido certa vez alertou Jânio para o desempenho da campanha do Marechal, que se fazia presente em todo país. Jânio, sem receio dessa caminhada, retrucou: “Aparecido meu bem; onde não pudermos ir, o Marechal vai por nós”.
O Marechal Lott, cuja postura nacionalista, corajosa e independente emoldurava sua personalidade, não era um homem de votos. Onde ia Lott, Jânio se transformava em favorito.
Essa realidade é mais ou menos o que tem sucedido com o ativismo da presidente Dilma Roussef, em especial, quando faz seus desastrados pronunciamentos. Meu Deus! A oposição não tem projeto, não tem mensagem, não tem nomes, líderes e, em resumo, não tem trabalho. Tal como o governo, politicamente, sua construção é um jogo de setenta erros, suas iniciativas estão sempre em descompasso com a realidade, suas prioridades são equivocadas e, pior, suas ações emergem de onde nunca poderiam acontecer. Ambos pecam com vontade e determinação.
UNANIMIDADE CONTRA
No governo, em seu ministério, por exemplo, falemos da figura de Aloizio Mercadante. Raras vezes nesses últimos tempos se ouviu aprovação tão unânime como a que se deu na semana passada, quando a “Folha de São Paulo” noticiou a decisão de Dilma de substituí-lo.
Vivas em todo país, show de fogos, a Bolsa subiu, o Dólar quis baixar até o momento em que Dilma, com o seu melhor penteado, magrinha e esbelta, veio à TV para dizer que nunca pensara em substituir o infeliz Aloizio. Ninguém quer Mercadante. Na sua anunciada saída, somente o Estado de SP se irritara com a possibilidade de tê-lo de volta, mas Dilma não. Amarrou-o na cadeira onde Mercadante está sentado.
EVA CHIAVON
Outro fato da mesma safra, apenas para ficarmos nas debilidades mais recentes foi a iniciativa da secretária do Ministério da Defesa, Eva Chiavon, de retirar da gaveta onde estava há três anos dormindo, junto com sua lixa de unhas, o Decreto 8515, uma piração que retirava dos ministros militares faculdades meramente formais e funcionais, deixando-as como prerrogativas únicas do ministro Jacques Wagner, titular da pasta.
O país não mudaria em nada com essas mudanças, mas Chiavon queria meter sua colher, deixar sua marca. E que marca. O ministro baiano estava numa chatice na China, naturalmente vendo equipamentos e armamentos da indústria local, assunto com o qual não tem qualquer relação. Jacques Wagner é ministro da Defesa, não do ataque e quer a paz dos terreiros da Bahia ao meio-dia.
Se houvesse espaço, ficaríamos aqui, o dia e a noite, relatando o quanto muitas vezes o fazer nesse governo tem sido desastroso. Se Dilma tivesse menos ministérios, menos assessores, se talvez trabalhasse apenas das 9h às 17h, o orçamento seria enxugado, a folha ficaria mais barata e o país, quem sabe, sofreria menos. Fica a sugestão.
19 de setembro de 2015
Luiz Tito
O Tempo
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