"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

OS JUDEUS CAEM PRIMEIRO, O RESTO DO MUNDO DEPOIS...



Se a França não é segura para os judeus, então o futuro mesmo da Europa - e do mundo civilizado - está em perigo.

As vozes que proclamam que a França já não é um lugar seguro para os judeus e que, portanto, eles deveriam emigrar, cometem um perigoso erro: se a França não é segura para os judeus, então o futuro mesmo da Europa - e do mundo inteiro - está em perigo.
A história demonstrou que os judeus são o proverbial “canário da mina de carvão” do mundo: tal como os canários morrem nas minas de carvão antes que os humanos percebam a existência de gases tóxicos indetectáveis - como metano e monóxido de carbono -, e sua morte serve de advertência sobre um iminente desastre, da mesma forma o estado em que se encontram os judeus em suas respectivas sociedades serve de prova a respeito da segurança que existe naquele lugar. Se os judeus de alguma sociedade particular estão, do mesmo modo que os canários, cantando e prosperando, então está tudo bem. Porém se não, então implica um alerta prematuro sobre o perigo que se avizinha. Às vezes as ameaças não são notórias. Os mineiros confiam em seus canários e o mundo deveria confiar na posição dos judeus para avaliar o nível de ameaça que existe em qualquer sociedade civilizada.
Em 1933 ainda não era claro o perigo que Adolf Hitler significava para a humanidade, porém, quando os judeus começaram a se sentir inseguros na Alemanha de Hitler, então isso representou um sinal sobre as toxinas de ódio que estavam se filtrando no mundo, toxinas que lamentavelmente passaram desapercebidas até que já era demasiado tarde, e que eventualmente afundaram a humanidade em uma guerra que acabou com a vida de 60 milhões de pessoas.
A aflição na qual os judeus se encontram na França, indica ao mundo a existência do mal.
As toxinas do islam radical não eram evidentes lá no início. Porém, depois os canários deixaram de cantar e começaram a morrer. Há poucos anos perpetrou-se o assassinato de Rav Sandler e dos pequenos no colégio de Toulouse, o qual veio seguido de outros muitos ataques contra os judeus franceses, todos os quais eram sinais prematuros da ameaça letal do islam radical. Uma sociedade na qual os judeus não estão seguros tampouco será segura para os jornalistas, nem para a liberdade, nem para qualquer valor da decência humana. Portanto, as duas atrocidades acontecidas recentemente - o selvagem assassinato dos jornalistas do Charlie Hebdo e dos judeus no supermercado kosher - estão profundamente conectadas.
O assombroso e irônico símbolo de conexão é a Grande Sinagoga de Paris. No Shabat posterior aos ataques, a sinagoga esteve fechada e não ofereceu serviços pela primeira vez desde a ocupação nazista na França. Uma sociedade na qual as sinagogas não podem abrir livremente e na qual os judeus não estão a salvo, é uma sociedade que em si mesma está em perigo. Se a Europa se tornar judenrein novamente, então o mundo civilizado terá sucumbido ante as piores forças da barbárie e selvageria.
A comunidade judaica mundial deve emparelhar-se ombro a ombro com a comunidade judaica da França, mas também deveria fazê-lo toda nação civilizada da Terra, pois o futuro do mundo inteiro depende disso.
A verdadeira mensagem é que a França deve tornar-se um lugar seguro para seus judeus se é que o mundo pretende derrotar as forças radicais do islam que procuram sua destruição.
Qualquer país no qual um judeu não pode viver seguro e em paz é um sinal premonitório de que as forças da liberdade, tolerância, dignidade humana e santidade da vida se encontram sob ameaça, e de que existem forças tóxicas, que minam a sobrevivência mesma da sociedade.
Os sinais globais não são bons. O fato de que praticamente toda instituição judaica - sinagogas, escolas, centros comunitários - ao longo do orbe tenha que contar com elevadas medidas de segurança contra o terrorismo islâmico, é um sinal dos perigos que o mundo civilizado enfrenta por parte destas ominosas forças. O fato de que não possa haver judeus em lugares como Paquistão, Arábia Saudita e outros tantos países muçulmanos, é uma desgraça moral que pressagia um perigo para o futuro mesmo da humanidade.
Os sinais de alerta foram evidentes por muitos anos. E a mesma relação que os judeus guardam com as sociedades nas quais vivem, é paralela à relação entre o Estado de Israel e a comunidade de nações. Israel é “o canário da mina de carvão” da comunidade internacional. Os terroristas suicidas atacaram primeiro os cidadãos israelenses e o Estado de Israel, e depois vieram os ataques do 11/9 em Nova York, do 7/7 em Londres, de Bali e em outros muitos lugares. O violento extremismo do Hamas e do Hezbollah foi dirigido originalmente contra o Estado judeu, porém agora há forças similares ameaçando e pondo em perigo a existência mesma do Iraque, Síria, Nigéria e outros.
E enquanto os grandes poderes do mundo negociam com a República Islâmica do Irã, deveriam se dar conta de que, apesar de que atualmente suas ambições nucleares se encontram dirigidas contra Tel Aviv e Jerusalém, a história ensinou que amanhã seus objetivos serão Paris, Londres, Nova York e Cairo.
Os gases venenosos abundam no mundo. Na semana que antecedeu os ataques de Paris, aproximadamente 2 mil pessoas foram assassinadas pelo Boko Haram. E depois, na semana dos ataques, houve meninas de 10 anos que foram enviadas aos mercados de Potiskum, Nigéria, como atacantes suicidas. E isto ocorreu umas poucas semanas depois que uns bárbaros assassinassem mais de 200 meninos em Peshawar, Paquistão. Estes ataques mostram o sério perigo de um brutal e selvagem movimento que ameaça todos os habitantes do mundo civilizado.
O momento de agir é agora.
O futuro do mundo civilizado está em jogo. Uma aliança global de países e pessoas de todas as crenças - judeus, muçulmanos e cristãos, todos juntos - deve se formar em conjunto para defender a civilização humana da barbárie jihadista. A prova da vitória será a situação na qual vivem os judeus. Quando as pessoas ao redor do mundo declararem “Je suis Juiff” (Eu sou judeu), estarão relacionando-se com uma profunda verdade da qual depende a sobrevivência da humanidade. Quando os judeus - do mesmo modo que os canários das minas de carvão - cantarem e progredirem, e puderem caminhar novamente com tranqüilidade pelas ruas de Paris e de toda a Europa, aberta e orgulhosamente, quando as sinagogas e as escolas judaicas não necessitarem de guardas armados para estar seguras, quando o Estado de Israel não se vir enfrentado constantemente a inimigos mortais que procuram sua destruição, então saberemos que o mundo civilizado é um lugar seguro.
24 de fevereiro de 2015
Warren Goldstein, PhD em Leis de Direitos Humanos, é o Grande Rabino da África do Sul.

Tradução: Graça Salgueiro

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