Depois do ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa defender a demissão de José Eduardo Cardozo, petistas e advogados saíram nesta segunda-feira (16) em defesa do titular do Ministério da Justiça. O secretário de Comunicação do PT, José Américo, chamou de “lastimável” o pedido de Barbosa e disse que o ex-ministro do Supremo quer voltar à cena política “de olho” nas próximas eleições.
“Ele diz que se aposentou por dor nas costas, mas o objetivo era outro: militar e tentar um cargo político a curto prazo”, disse à Folha.
A defesa da demissão de José Eduardo Cardozo foi feita por Joaquim Barbosa em mensagem divulgada no Twitter na noite de sábado (14). “Nós, brasileiros honestos, temos o direito e o dever de exigir que a presidente Dilma demita imediatamente o ministro da Justiça”.
Em mensagem posterior, Barbosa associou o pedido de demissão às notícias sobre os encontros que Cardozo teve com advogados de empresas investigadas pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que está subordinada a ele.
“ATIVISMO POLÍTICO”
Para Américo, a postagem de Barbosa é “coerente” com a sua atuação durante o julgamento do mensalão, criticada pelo PT. O ex-ministro relatou o processo que condenou integrantes da cúpula do PT e do governo Lula.
“Ao polemizar com Cardozo, ele repete seu ativismo jurídico e mostra que o tempo todo tinha objetivo político”, disse Américo.
Coordenador jurídico do PT, Marco Aurélio Carvalho também atacou Barbosa. “Por ironia do destino, ele se aposentou e hoje procura fazer o que sempre criticou: pediu carteirinha da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] para sobreviver”. Em outubro, a OAB-DF concedeu a carteira de advogado ao ex-ministro do Supremo.
Durante seu mandato no STF, Barbosa criticou diversas vezes a classe dos advogados e chegou a expulsar um deles do plenário do STF, Luiz Fernando Pacheco, defensor do ex-presidente do PT José Genoino no processo do mensalão,. “Agora, precisará respeitar os seus pares e a liturgia da nobre função que abraçou”, completou Carvalho.
O criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro disse que o pedido de Barbosa é “saudade dos holofotes” e “especialidade” do ex-ministro. “Como é Carnaval parece ser uma piada de salão: um ex-ministro do Supremo sair do ostracismo para tentar pressionar a presidente da República e pedir a demissão do ministro da Justiça”.
Luiz Fernando Pacheco disse que a exigência de Barbosa demonstra “desrespeito” aos profissionais de direito e revela o “caráter populista” do ex-ministro do STF.
OPOSIÇÃO REAGE
A oposição vai apresentar pedidos de convocação para José Eduardo Cardozo explicar, no Congresso, os motivos dos encontros com advogados de empresas investigadas na Lava Jato. Apesar dos oposicionistas afirmarem que cabe à presidente Dilma Rousseff pedir explicações ao ministro, DEM, PSDB e PPS querem uma posição pública dele sobre as conversas.
“Vamos chamá-lo no Congresso numa convocação conjunta da oposição. O PT está numa ação orquestrada para tentar melar o jogo de toda maneira”, disse o líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE).
Os oposicionistas também pretendem pedir que a Comissão de Ética Pública do governo investigue a conduta de Cardozo.
“A avaliação se o ministro deve sair ou não é da presidente. Ela tem procurado manter distância da Operação Lava Jato, mas é obrigação dela se manifestar sobre o assunto”, disse o presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN).
Procurado, o ministro da Justiça disse que já havia falado sobre o assunto neste domingo e não tinha nada para acrescentar.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Ficou estranha esta matéria da Folha. As duas repórteres não conseguiram encontrar um só advogado ou magistrado que defenda a posição de Joaquim Barbosa, que é corretíssima. Ministro não deve receber advogados, pois ele não é magistrado. E questão nem é legal, mas apenas de ética, honestidade e bom-senso. Mas quem se interessa por ética no Brasil de hoje? (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Ficou estranha esta matéria da Folha. As duas repórteres não conseguiram encontrar um só advogado ou magistrado que defenda a posição de Joaquim Barbosa, que é corretíssima. Ministro não deve receber advogados, pois ele não é magistrado. E questão nem é legal, mas apenas de ética, honestidade e bom-senso. Mas quem se interessa por ética no Brasil de hoje? (C.N.)
18 de fevereiro de 2015
Andréia Sadi e Gabriela Guerreiro
Folha
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