Em novo depoimento à Polícia Federal nesta quarta (28), o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró resolveu ficar em silêncio e não deu explicações sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA. A compra está sob investigação da Polícia Federal. A transação, feita em 2006 pelo comando do ex-diretor, resultou em prejuízo de US$ 792 milhões à estatal, segundo o TCU (Tribunal de Contas da União).
Preso desde o último dia 14 na Superintendência da PF em Curitiba, Cerveró, que já é réu numa ação penal por corrupção na Petrobras, havia dito que responderia a todas as questões que lhe fossem feitas. Depois, mudou de estratégia.
Nesta quarta-feira, em cerca de uma hora e meia de depoimento, Cerveró se limitou a respondeu que iria “utilizar o direito de permanecer em silêncio”.
Foi uma decisão da defesa. “Enquanto não for julgada a exceção de suspeição do juiz, ele não se manifesta”, afirmou o advogado do ex-diretor, Edson Ribeiro.
ESTRATÉGIA DA DEFESA
Os advogados argumentam que o juiz Sergio Moro, da Justiça Federal do Paraná, não deve julgar a causa, já que os fatos pelos quais Cerveró é investigado aconteceram no Rio de Janeiro, e não em Curitiba.
Além disso, Ribeiro afirma que Moro se mostrou “totalmente suspeito e impedido” de julgar o processo. “O juiz fez uma manifestação no processo [durante o julgamento da prisão preventiva de Cerveró] em que antecipou sua convicção com relação à responsabilidade penal do Nestor”, disse o advogado à reportagem. “Eu não vou ficar legitimando algo que eu acho que está totalmente errado”.
Em defesa protocolada no Tribunal Regional Federal, os advogados de Cerveró atribuíram a responsabilidade pela compra da refinaria de Pasadena ao Conselho de Administração da Petrobras, na época presidido por Dilma Rousseff.
Segundo um laudo encomendado pela defesa e assinado pelo advogado André Saddy, o órgão foi “negligente” e cometeu uma “grave falha”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A estratégia da defesa de Cerveró parece inteligente e bem armada. Aparentemente, poderia até ter procedência, pois crime no Rio de Janeiro não pode ser julgado em Curitiba. Acontece, porém, que o inquérito aberto no Paraná não é especificamente sobre Cerveró, ele é apenas parte do esquema e foi até preso bem depois dos demais. Se não fizer delação premiada, Cerveró vai dançar, com pressão do Planalto e tudo o mais. É melhor trocar de advogado. (C.N.)
30 de janeiro de 2015
Deu em O Tempo
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