"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

FIDEL DEFENDE ACORDO, MAS DIZ NÃO CONFIAR NOS AMERICANOS



Em sua primeira mensagem desde o acordo entre Cuba e Estados Unidos, o ex-ditador Fidel Castro disse que não confia nos americanos, embora defenda o diálogo entre seu irmão, Raúl, e o presidente Barack Obama.

“Não confio na política dos Estados Unidos nem troquei nenhuma palavra com eles, sem que isso signifique, tampouco, uma rejeição a uma solução pacífica dos conflitos ou perigos de guerra”, disse no texto, com data de segunda-feira (26).
Fidel considera que as negociações entre os americanos e qualquer país da América Latina devem seguir as normas internacionais da diplomacia, ou seja, em igualdade de condições. “Defenderemos sempre a cooperação e a amizade com todos os povos do mundo e, entre eles, os nossos adversários políticos.”

A primeira mensagem sobre a retomada das relações diplomáticas com os americanos foi feita por meio de uma carta à Federação de Estudantes Universitários de Cuba, que completa 70 anos.

NO ENTERRO DE MANDELA

No texto, ele também afirma que o primeiro gesto de aproximação entre os dois países ocorreu no velório do líder negro e ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, em dezembro de 2013.
Na ocasião, Raúl Castro e Barack Obama se cumprimentaram, marcando uma trégua na relação entre os dois países. No final da carta, ele cita ainda as mudanças climáticas e o crescimento da população mundial para que todos os países criem normas para garantir a dignidade de todos os povos.

O silêncio de Fidel alimentou rumores sobre sua saúde e até sobre sua morte no início do mês, até que o ex-jogador de futebol argentino Diego Maradona, seu amigo pessoal e que estava de visita em Havana, anunciou há duas semanas ter recebido uma carta do ex-ditador.
A última aparição pública de Fidel foi em 8 de janeiro de 2014, quando assistiu à inauguração de uma galeria do artista cubano Alexis Leyva “Kcho”, também seu amigo.

CÚPULA

A carta de Fidel FOI divulgada na véspera da cúpula da Celac, grupo fundado pelo então presidente venezuelano Hugo Chávez para ser uma alternativa à OEA (Organização dos Estados Americanos), que não admite Cuba.

Para analistas, o discurso positivo do presidente Barack Obama para a América Latina e as ações graduais sobre Cuba implementadas desde dezembro já seriam suficientes para questionar duas das principais premissas da criação da Celac: a existência de um bloco que faça frente à influência dos EUA no continente e a inclusão de Cuba num grande fórum regional.

No último caso, acredita-se que o movimento dos dois países pode tornar o retorno de Cuba à OEA mais factível.
“Agora que os EUA começaram sua própria discussão para normalizar as relações, a principal função da Celac deixa de existir”, diz Christopher Sabatini, da Universidade Columbia (EUA).

30 de janeiro de 2015
Deu na Folha

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