Muitos analistas têm considerado o bárbaro atentado contra o jornal satírico Charlie Hebdo como uma gravíssima ameaça à liberdade de imprensa. Outros vão além e acham que é a liberdade de expressão que está em jogo. E agora surge a tese lançada por meu amigo Arnaldo Bloch em O Globo, ao afirmar que o ataque em Paris deve ser encarado como uma ameaça à liberdade em si.
É claro que as três teses estão corretas e a situação merece reflexões sob vários pontos de vista, inclusive acerca da geopolítica internacional e do espantoso crescimento do Islamismo no mundo, motivado pelo rigor da tradição religiosa, que não admite nenhuma forma de controle da natalidade, a não ser a abstinência.
O resultado é que na França, por exemplo, onde os muçulmanos já são 5% da população total e 30% dos jovens até 20 anos, a previsão é de que em poucas décadas cheguem a ser a maioria do povo francês. É um fenômeno natural, porque cada francesa tem hoje média de apenas 1,8 filho, enquanto as imigrantes islâmicas chegam a 8,1 filhos.
QUESTÃO POLÍTICA
O fato é que a França colonizou e explorou várias nações muçulmanas, cujos habitantes passaram a ter direito a passaporte francês. A imigração em massa, por óbvio, deveria ter sido prevista. Não foi. E agora fica difícil de mudar essa situação, que afeta a França de forma expressiva, aumentando o desemprego e criando fortes tensões sociais em bairros periféricos, que se transformaram em verdadeiros guetos.
O resultado é o fortalecimento do ultraconservadorismo da família Le Pen, que prega descaradamente o racismo.
O atentado ao jornal Charlie Hebdo ocorre justamente quando está crescendo o movimento contra a islamização da Europa. Por óbvio, terá como principal consequência o acirramento dessa preocupante mobilização, que há anos vem se desenvolvendo, especialmente na Alemanha, na França, na Inglaterra e na Suécia.
Ao mesmo tempo, o reacionário Estado Islâmico avança no Iraque e na Síria, dois países que, assim como a Líbia, se encontravam em processo de ocidentalização até serem massacrados por ataques comandados pelos Estados Unidos, direta ou indiretamente.
Em meio a esse quadro, não há dúvida de que radicalismo dos fundamentalistas muçulmanos se transformou numa ameaça ao mundo. É isso que deve ser discutido e não apenas o significado do brutal ataque ao jornal parisiense.
12 de janeiro de 2015
Carlos Newton
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