Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo” que está nas bancas neste domingo, a ex-ministra da Cultura e senadora Marta Suplicy (PT) faz uma série de críticas à presidente Dilma Rousseff e aos rumos do PT, partido que ajudou a fundar. Segundo ela, “ou o PT muda ou acaba”.
Na entrevista, Marta cita episódios em que o ex-presidente Lula também teria criticado Dilma. E sugere que ele gostaria de ter sido candidato em 2014. A senadora, porém, afirma que Lula “nunca admitiu” esse desejo a ela.
“Nunca admitiu, mas decepava (sic) ela: ‘Não ouve, não adianta falar'”, contou.
Para Marta, Lula pode ter desistido de enfrentar Dilma para evitar “uma disputa em que os dois iriam perder”.
ECONOMIA
A senadora definiu a política econômica de Dilma como “fracasso” e disse que a presidente não mudou os rumos da gestão “porque isso fortaleceria a candidatura do Lula”.
Apesar de elogiar a nova equipe da Fazenda, composta por Joaquim Levy e Nelson Barbosa, Marta sugere não acreditar que eles terão independência para trabalhar.
“É preciso ter humildade e a forma de reconhecer os erros é deixar a equipe trabalhar. Mas ela não reconheceu na campanha, nem no discurso de posse. Como que ela pode fazer agora?”.
Questionada se a nova equipe econômica poderia recorrer a Lula se contrariada, a senadora afirmou: “Você não está entendendo [referindo-se à jornalista]. O Lula está fora, totalmente fora.”
Em relação à cisão entre lulistas e dilmistas no partido, Marta definiu o atual chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, como “inimigo” e disse que o presidente da sigla, Rui Falcão “traiu o projeto do PT”.
A senadora diz apostar em uma disputa entre Mercadante e Lula em 2018.
“Mercadante mente quando diz que não será candidato. Ele é candidatíssimo e está operando nessa direção desde a campanha, quando houve complô dele com Rui e João Santana [marqueteiro do partido] para barrar Lula.”
ALIJADA E CERCEADA
Marta se diz decepcionada com o próprio partido e que se sente “há muito tempo alijada e cerceada”. “Cada vez que abro um jornal fico estarrecida (…) É esse o partido que ajudei a criar e fundar?”.
Apesar disso, a senadora diz que ainda é uma “decisão duríssima” a de abandonar o PT.”Não tomei a decisão nem de sair, nem para qual partido, mas tenho portas abertas e convites de praticamente todos, exceto PSDB e DEM.”
Ela também não confirma se disputará a prefeitura de São Paulo em 2016, mas diz que a mudança de sigla não ocorrerá em função disso. No caso, ela enfrentaria o prefeito Fernando Haddad (PT).
Procurados pela Folha para comentar a entrevista, o Planalto, o Instituto Lula e Mercadante preferiram não se manifestar. Falcão não foi encontrado.
12 de janeiro de 2015
Deu no Estadão e na Folha
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