"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 21 de dezembro de 2014

SOCORRO, A PILOTA SUMIU!

               

Carlos Brickmann
Carlos Brickmann

Num ótimo conto de ficção científica, algum fenômeno geológico fez sumir o piso dos cofres de Fort Knox, o grande depósito de ouro dos Estados Unidos. O guarda dos cofres, estarrecido, sem saber o que tinha acontecido, preferiu calar a boca. Por muitos anos o ouro foi despejado no buraco sem fundo. Sem problemas: o mundo funcionava do mesmo jeito. Mas, quando descobriram que o ouro tinha desaparecido, a economia internacional entrou em colapso.

Algo semelhante acontece com a Petrobras: há muitos anos a maior empresa nacional vem sendo roubada, o que não a impediu de crescer, de vender ações na Bolsa de Nova York, de desenvolver tecnologia, de comandar um gigantesco processo internacional de capitalização. Até que descobriram, e temos a crise.

O que está massacrando a Petrobras não é a roubalheira. É a descoberta da roubalheira. Se o Governo agir rápido para restabelecer a credibilidade da Petrobras, escolhendo um novo comando competente e inatacável (ao mesmo tempo em que combate a corrupção), estará dando um grande passo para reerguer a majestade da maior empresa do país, motivo de orgulho da capacidade brasileira.

Quem seria o novo comandante? Dilma é que foi eleita para escolhê-lo, embora hesite em tomar decisões. Mas teria de ser alguém como foi Antônio Ermírio de Morais, alguém cujo nome já mostrasse que as coisas tinham mudado. Bolsa é expectativa, é perspectiva; um nome sério, reconhecido, no mínimo estancaria a queda das ações da Petrobras e trocaria o medo pela esperança.


Mão trêmula


Um fato é certo: Graça Foster está tão firme na presidência da Petrobras quanto Guido Mantega no Ministério da Fazenda. A dúvida é saber quem dura mais.
E por que Dilma demora a afastá-la? Digamos que deva ter seus motivos. Quando o aliado mais próximo do presidente Itamar Franco ficou sob suspeita, ele o afastou na hora, para só levá-lo de volta ao Governo quando as investigações o inocentaram. Dilma é diferente, prefere deixar a crise correr. E Graça, que sabe perfeitamente que não vai aguentar muito tempo, por que continua? Por que prefere ficar no olho do furacão? Digamos que também deva ter seus motivos.

Turbulências

Enquanto a pilota hesita, a investigação continua – e, ainda bem, não há como paralisá-la. Até quando o comando do país deixará a Petrobras sangrar?



Maldade


Lauro Jardim, colunista de Veja, diz que Eike Batista foi um profeta. Nos tempos de glória, garantiu que sua OGX um dia valeria tanto quanto a Petrobras.

A frase

De Rui Falcão, presidente do PT, dia 9: “Essa tradição de combate à corrupção é nossa e ninguém nos toma. Nós não estamos lutando apenas agora contra a corrupção. Há muitos anos o PT se notabilizou por defender a ética na política e por combater todas as formas de apropriação privada de recursos públicos”.

Bolsonaro

O debate sobre as frases indignas do deputado Jair Bolsonaro, a respeito de não estuprar uma ministra porque ela não o merece, parte de uma premissa falsa: a de que Bolsonaro é importante. Bolsonaro é conhecido, elege-se com facilidade, elege os filhos, escolhe palavras radicais para defender golpes e ditaduras, mas não tem articulação política (tanto que não lidera bancadas, nem as que defendem suas teses mais caras, como pena de morte, tortura em casos de sequestro e tráfico; nem se elege para cargos executivos) e sua história política é pobre.

uma carreira

Bolsonaro é paraquedista do Exército e chegou a capitão. Por indisciplina (liderou manifestações por aumento, sem autorização dos chefes) foi preso por 15 dias. Ganhou alguma notoriedade e saiu candidato em seguida, elegendo-se vereador no Rio. Ligações partidárias? Muitas – e, verdadeira, nenhuma: esteve no PDC, PPR, PPB, PTB, PFL e PP. PPR e PPB eram o mesmo partido, que mudou de nome (hoje é o PP), mas mesmo assim ele passou por outras quatro legendas. 

Que a Comissão de Ética cuide de seu mandato. Não vale a pena perder tempo discutindo um capitão indisciplinado que defende a disciplina para os outros.

Diretas já



Aquilo de que o Brasil precisa é, com a urgência possível, convocar eleições. Todos os nossos problemas estarão resolvidos:
1 – na campanha, Dilma dizia que a economia estava ótima, que a Petrobras estava extraindo petróleo do pré-sal, do pós-sal e até dos discos do Salgadinho.
2 – na campanha, Alckmin garantia que em São Paulo a água abundava, que mais um pouco correríamos o risco de nos afogar.
3 – na campanha, Dilma dizia que jamais teríamos outro apagão, que as represas estavam cheias (menos em São Paulo, por causa dos tucanos) e que as tarifas da eletricidade não só eram baixas como ainda iriam baixar mais. Mais baixos que as tarifas só mesmo os juros fixados pelo Banco Central.
4 – na campanha, Alckmin dizia que todos seus compromissos da campanha anterior estavam em dia e que logo teríamos Metrô, todos nós, na porta de casa.

21 de dezembro de 2014

A Coluna de Carlos Brickmann

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