É Natal, bimbalham os sinos, o mundo gira e a Lusitana roda — mas, nem por isso, as informações sobre a roubalheira na Petrobrás deixam de nos surpreender. Ou, como gosta de dizer a “presidenta”, de nos estarrecer. Assisti à entrevista que a Venina deu à Glória Maria, e fiquei estarrecida. Não com as denúncias — afinal, eu precisaria ser mais ingênua do que Dilma e Graciosa juntas para acreditar que nem uma nem outra sabiam do que se passava na empresa — mas comigo mesma por, paradoxalmente, não mais me estarrecer diante do que ouvia.
Sinto que nada do que eu possa vir a saber sobre a Petrobrás ou sobre o governo poderá, jamais, me estarrecer; a minha capacidade de estarrecimento está esgotada.
A única coisa que ainda me causa algum espanto em relação à Petrobrás é o profundo silêncio dos seus 85 mil funcionários. Cadê os protestos? Cadê as passeatas? Cadê a vergonha na cara?
27 de dezembro de 2014
Córa Ronai
(*) Cora Rónai é jornalista e escritora. O texto é excerto de sua coluna d’O Globo, 25 dez° 2014.
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