BRASÍLIA - As revelações de Venina Velosa, a nova mulher-bomba da Petrobras, mostram que a esperteza às vezes tem vida curta. Na quarta-feira, o governo comemorava o sepultamento de uma CPI que, em vez de investigar, fez vista grossa para a corrupção na estatal. Na sexta, a aparição da geóloga transformou a manobra em pó. A petroleira e sua presidente, Graça Foster, nunca estiveram tão na berlinda.
Os e-mails revelados pelo jornal "Valor Econômico" são claros: Graça foi avisada de desvios muito antes da Operação Lava Jato. Recebeu a primeira mensagem em abril de 2009, quando ainda ocupava o cargo de diretora. Continuou a ser informada depois de 2012, quando assumiu a presidência da companhia.
As denúncias também chegaram ao atual diretor de Abastecimento, José Carlos Cosenza. Convocados pela CPI chapa-branca, ele e Graça disseram que nada sabiam das irregularidades. Como a Petrobras não negou o teor das mensagens, a conclusão lógica é que seus dirigentes mentiram ao Congresso.
A resposta ao "Valor" passou longe de esclarecer o caso. A petroleira diz que adotou as "providências cabíveis", mas não explica quais foram. Afirma que notificou as "autoridades competentes", mas não consegue nomeá-las. Por fim, diz que demitiu um diretor em 2009, mas ele ficou no cargo por mais quatro anos graças a uma licença. É difícil imaginar outra empresa tão generosa com um funcionário pego em flagrante.
Acuada, a Petrobras passou a atacar a denunciante. Na noite de sexta-feira, divulgou outra nota, acusando-a de chantagem. Ao contrário dela, não apresentou provas. Graça permaneceu em silêncio, enquanto as ações da estatal na Bolsa desabavam pelo quinto dia seguido.
A estratégia de se esconder atrás de notas não funciona mais. Se não entregar o cargo nas próximas horas, Graça precisa vir a público logo e dar respostas convincentes às acusações da ex-subordinada
17 de novembro de 2014
Bernardo Mello Franco, Folha de SP
Os e-mails revelados pelo jornal "Valor Econômico" são claros: Graça foi avisada de desvios muito antes da Operação Lava Jato. Recebeu a primeira mensagem em abril de 2009, quando ainda ocupava o cargo de diretora. Continuou a ser informada depois de 2012, quando assumiu a presidência da companhia.
As denúncias também chegaram ao atual diretor de Abastecimento, José Carlos Cosenza. Convocados pela CPI chapa-branca, ele e Graça disseram que nada sabiam das irregularidades. Como a Petrobras não negou o teor das mensagens, a conclusão lógica é que seus dirigentes mentiram ao Congresso.
A resposta ao "Valor" passou longe de esclarecer o caso. A petroleira diz que adotou as "providências cabíveis", mas não explica quais foram. Afirma que notificou as "autoridades competentes", mas não consegue nomeá-las. Por fim, diz que demitiu um diretor em 2009, mas ele ficou no cargo por mais quatro anos graças a uma licença. É difícil imaginar outra empresa tão generosa com um funcionário pego em flagrante.
Acuada, a Petrobras passou a atacar a denunciante. Na noite de sexta-feira, divulgou outra nota, acusando-a de chantagem. Ao contrário dela, não apresentou provas. Graça permaneceu em silêncio, enquanto as ações da estatal na Bolsa desabavam pelo quinto dia seguido.
A estratégia de se esconder atrás de notas não funciona mais. Se não entregar o cargo nas próximas horas, Graça precisa vir a público logo e dar respostas convincentes às acusações da ex-subordinada
17 de novembro de 2014
Bernardo Mello Franco, Folha de SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário