“A maior alíquota de Imposto de Renda aplicável a rendas mais elevadas no Brasil é bastante baixa pelos padrões internacionais. O imposto sobre herança é ridiculamente baixo, 4%, algo muito próximo de 0%”, diz Piketty, autor do best-seller “O Capital no Século XXI”, um compêndio de 672 páginas produzido após mais de 15 anos de pesquisas sobre a distribuição de renda e patrimônio no mundo.
O livro aponta que a desigualdade, após cair ao longo do século 20, voltou a crescer nas últimas décadas: o 1% mais rico da população está ficando com uma fatia cada vez maior da renda e do patrimônio disponíveis, reduzindo a fatia disponível para a classe média e para os pobres.
TAMBÉM NO BRASIL
Para Piketty, o mesmo possivelmente está acontecendo no Brasil, apesar do discurso em contrário do governo – o 1%, estima, fica com quase 60% da renda, e não com menos de 50% como indicam os levantamentos oficiais.
O País ficou de fora da obra em razão da falta de transparência dos dados sobre o pagamento de Imposto de Renda, mas o economista espera disponibilizar análises sobre o cenário nacional “nos próximos meses”.
E a fórmula para evitar o crescimento desse fosso – e permitir que o trabalho, e não um pai rico ou um salário injustificado, seja o caminho mais natural para o topo – é taxar mais os ricos e altas heranças, aliviando o imposto sobre o consumo. Afinal, a desigualdade é socialmente construída – e não um fenômeno da natureza.
“Claro que algumas pessoas no topo sempre estão tentando fingir que a desigualdade é o que de fato deveria ser”, diz o economista. “Eu consigo entender a posição delas, mas eu acho que algumas vezes é um exagero.”
02 de dezembro de 2014
Vitor Sorano
iG São Paulo
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