"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

BRASIL COBRA IMPOSTOS RIDÍCULOS AOS RICOS - DIZ PIKETTYT



Economista Thomas Piketty diz que está tudo errado no Brasil
 
Chegar ao topo apenas com trabalho está ficando mais difícil, aponta o economista Thomas Piketty. Ele diz que ser rico no Brasil significa pagar imposto baixo e ficar com uma fatia cada vez maior do bolo. Ainda assim, muitos dos que estão lá em cima – onde está mais difícil chegar unicamente pelo trabalho – fingem que o fato de ganharem cada vez mais que os outros é algo natural.

“A maior alíquota de Imposto de Renda aplicável a rendas mais elevadas no Brasil é bastante baixa pelos padrões internacionais. O imposto sobre herança é ridiculamente baixo, 4%, algo muito próximo de 0%”, diz Piketty, autor do best-seller “O Capital no Século XXI”, um compêndio de 672 páginas produzido após mais de 15 anos de pesquisas sobre a distribuição de renda e patrimônio no mundo.

O livro aponta que a desigualdade, após cair ao longo do século 20, voltou a crescer nas últimas décadas: o 1% mais rico da população está ficando com uma fatia cada vez maior da renda e do patrimônio disponíveis, reduzindo a fatia disponível para a classe média e para os pobres.

TAMBÉM NO BRASIL

Para Piketty, o mesmo possivelmente está acontecendo no Brasil, apesar do discurso em contrário do governo – o 1%, estima, fica com quase 60% da renda, e não com menos de 50% como indicam os levantamentos oficiais.

O País ficou de fora da obra em razão da falta de transparência dos dados sobre o pagamento de Imposto de Renda, mas o economista espera disponibilizar análises sobre o cenário nacional “nos próximos meses”.

E a fórmula para evitar o crescimento desse fosso – e permitir que o trabalho, e não um pai rico ou um salário injustificado, seja o caminho mais natural para o topo – é taxar mais os ricos e altas heranças, aliviando o imposto sobre o consumo. Afinal, a desigualdade é socialmente construída – e não um fenômeno da natureza.

“Claro que algumas pessoas no topo sempre estão tentando fingir que a desigualdade é o que de fato deveria ser”, diz o economista. “Eu consigo entender a posição delas, mas eu acho que algumas vezes é um exagero.”

02 de dezembro de 2014
Vitor Sorano
iG São Paulo

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