"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

A INSATISFAÇÃO DO PT ABRE MAIS ESPAÇO PARA O PMDB NO GOVERNO

   


Uma contradição evidente a que está sintetizada no título – quanto mais o Partido dos Trabalhadores pressionar a presidente Dilma Rousseff por espaço no governo, cujo segundo ciclo ainda vai começar, mais a ação fortalece do PMDB para que obtenha melhores condições de atuar no cenário político.

O problema. detonado através das declarações do ministro Gilberto Carvalho e da ex-ministra Marta Suplicy, ampliou-se com as críticas adicionadas durante reunião da bancada do PT na Câmara Federal, nitidamente focalizada na reportagem de Fernanda Krakovics, Isabel Braga, Simone Iglesias e Danilo Farielo, O Globo edição de sexta-feira 14.

O partido empenha-se por mais espaço, embora ocupe 17 das 39 pastas. Entretanto, vários deputados petistas sustentam que a maioria dos titulares não representa politicamente o partido. Tanto assim – acrescenta – que a legenda perdeu 19 cadeiras.

Em todas as assembleias legislativas estaduais, a presença partidária desceu de 149 para 109 parlamentares: a presença caiu 40 assentos. Para uma corrente, o encolhimento decorre do ônus de apoiar o governo. O fenômeno pode ser visto assim, pela defesa em situações difíceis.

Mas também por outro ângulo. Pelo fato de ser um partido governista, portanto próximo do poder, naturalmente recebeu, ao longo do tempo, especialmente durante a campanha eleitoral, um volume muito maior de pedidos de eleitores do que as demais agremiações.

Mas como é humanamente impossível atender a todos os pleitos, como acontece sempre, pedidos que voam com o vento terminam gerando insatisfações e perda de votos.
Além disso, também, em função do desgaste natural da ocupação do poder por doze anos consecutivos, na alvorada de maias um quadriênio a começar em Janeiro de 2015.

CONTRADIÇÃO

Tudo isso é fato. Porém a contradição essencial é a de que, ao pressionar Dilma Rousseff, o PT está, no fundo, pressionando a si próprio e abrindo espaço primeiro para o PMDB, depois para as legendas menores que oscilam entre aderir ao executivo ou formar na oposição.
Isso porque, à medida em que se reduz o espaço do governo no plano político administrativo, mais a presidente da República precisará da presença do PMDB e de partidos menores à volta do Planalto.

Assim, se encontrar dificuldade dentro do esquema que a levou à vitória apertada nas urnas, terá ela que buscar alternativas adicionais para acrescentar e fortalecer sua base no Legislativo.
Pois a experiência ensina que, sem base parlamentar sólida, as ações de governo tornam-se sempre mais difíceis. Não só no Brasil, mas em todos os países democráticos. Temos à mão o exemplo dos Estados Unidos: o que terá de fazer o presidente Barack Obama na etapa final de seu mandato?

Aqui, em nosso país, não faltam problemas ao governo. O caso da Petrobrás, que teve de adiar a publicação de seu balanço trimestral. O caso das contas públicas governamentais que não fecham em 2014 e que somente poderá ser superado com a alteração da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Ainda por cima, a delação premiada obtida por Paulo Roberto Costa e solicitada por Alberto Yousef. Some-se a isso a insatisfação dos próprios companheiros e surge um conjunto de problemas demais. Mas Dilma terá de enfrentá-los e resolvê-los.

18 de novembro de 2014
Pedro do Coutto

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