"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

PARA FURAR O TETO

BRASÍLIA - A eleição continua eletrizante, com o empate técnico entre Aécio e Dilma mantido rigorosamente nos mesmos índices de votos válidos do primeiro Datafolha do segundo turno: 51% do tucano, 49% da petista. Os dois dão sinais de terem batido no teto, mas os dados gerais contêm novidades melhores para Dilma do que para Aécio.

A dura campanha de Dilma na TV, que "desconstruiu" Marina Silva no primeiro turno, conseguiu estancar a ascensão de Aécio e reduzir o seu potencial de crescimento. Ou seja: ele parou de crescer e tem menos margem para coletar novos votos.

Enquanto o índice de rejeição de Dilma oscilou um ponto para baixo, o de Aécio subiu quatro pontos depois dos ataques desferidos pela propaganda eleitoral do PT contra a gestão do tucano em Minas Gerais. E esses ataques foram em cima de um dado real: Aécio foi derrotado duplamente no Estado que governou duas vezes. Ficou atrás de Dilma e perdeu o governo para um petista.

Nesses dez dias até o segundo turno, Dilma aprofundará a estratégia de "desconstrução", intensificando os ataques. Se Aécio repetir a reação passiva de Marina, fazendo muxoxo e acusando a adversária de liderar uma "campanha de ódio", ele deixará Dilma ditar o tom da campanha.

A favor de Aécio: o empate técnico o favorece, não só porque ele está numericamente à frente, mas porque a "quebra" de votos de Dilma tende a ser maior na hora do voto real. Uma coisa é dizer que vai votar em alguém, outra é acertar os botões, os números. O nível de escolaridade do eleitorado de Aécio é bem mais alto do que o de Dilma. Ela tem de passar à frente e ter gordura para queimar.

Em suma, a eleição continua como o diabo e os jornalistas gostam (gostamos), e os debates terão um papel fundamental. Na propaganda, que tem audiência restrita, os candidatos dizem o que bem entendem a seu favor e contra o outro. Nos debates, que estão bombando, dizem não só o que querem, mas o que podem.

 
11 de outubro de 2014
Eliane Cantanhede, Folha de SP

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