Estamos no meio do tiroteio entre PSDB e PT - de novo. Dilma Rousseff e Aécio Neves avançam para se encontrar, no domingo 26/10, na frente do saloon onde os eleitores esperam o desfecho.
Mas, afinal, é só política. O desfecho - alternância no poder ou continuação no poder - significa ou o retorno de tucanos para os 22 mil a 23 mil cargos comissionados na administração federal; ou a continuidade de petistas nos mesmos cargos.
Esses milhares de cargos comissionados na administração federal se multiplicam em benefícios e "boquinhas" para legiões de aderentes ao poder. Para a "cupinchada", como se dizia antigamente, ou para a "companheirada", como se diz hoje. Por isso, ninguém considere irrelevantes as pernadas dessa capoeira brava, sem berimbau.
Mas continua sendo apenas política. Nos comícios que ainda existam e nas TVs. Na economia, a coisa é outra.
Na economia: 1) nenhum dos dois candidatos pode brincar; 2) nenhum dos dois pode derrapar; 3) ambos carregam o peso da incúria e dos desarranjos acumulados por décadas. E ambos têm o desafio de pôr o Brasil andando para a frente.
Isso significa: criar empregos para a massa de jovens que está entrando anualmente no mercado; e resgatar ou amparar o enorme contingente de brasileiros que ainda vivem abaixo da linha da pobreza. Duas tarefas para um PIB com crescimento robusto. E para ganhos de produtividade os mais elevados que se possa obter. Duas coisas que não temos.
Em paralelo, há que se gastar muito com a infraestrutura insuficiente e recompor grande parte dela virtualmente sucateada - nos transportes, nos portos, nos aeroportos, no armazenamento, no fornecimento de energia e de água, no saneamento.
Está de bom tamanho o desafio para quem ganhar o governo no dia 26?
Se alguém acha que é moleza - "dois palito", como diz o paulistano -, é só lembrar a precariedade da educação, da saúde, da segurança pública, da justiça - 4 trabalhos que tornam brincadeira os 12 do Hércules.
É curioso que os dois partidos sabem que, na economia, as respostas são mais ou menos as mesmas, diferentes apenas na dosagem. FHC com o Plano Real e a vertiginosa queda daquela inflação galopante anterior a ele conseguiu melhorar indiretamente a renda dos mais pobres, coisa que Lula faria avançar ainda mais de forma direta. Primaram ambos por uma condução prudente das políticas fiscal e monetária - FHC com mais e Lula com menos ortodoxia. Na área social o Bolsa Escola, de dona Ruth Cardoso, se ampliaria para o Bolsa Família do PT com Lula. Na área habitacional os planos dos dois tipos de governo avançaram, mais com o PT.
A grande diferença na política macroeconômica foi que o PT, com Lula e depois com Dilma, apostou no consumo como motor do crescimento, o que até funcionou bastante bem no período Lula, mas esgotou-se, como era previsível, no período Dilma. FHC, mais preocupado com a inflação e com a estabilização da economia, apostou no aumento dos investimentos. Não teve muito sucesso, dada a herança das tentativas fracassadas de estabilização que a economia brasileira trazia e das desconfianças que isso acarreta.
Ambos fracassaram, portanto, no principal: no obter um longo período de crescimento robusto e estável do PIB brasileiro. A turbulência da economia internacional prejudicou os investimentos privados e públicos para ambos.
Aqui chegamos ao desafio crucial da economia: aumentar a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) e a taxa de crescimento do PIB. Uma coisa é o PIB crescendo pouco em países com a maioria das carências atendidas. Outra, é o PIB crescendo pouco onde a maioria das carências se acumularam sem atendimento. Precisamos de 5% ou 6% de crescimento anual do PIB. Com 0,2%, não vamos a lugar nenhum. Esse é o desafio. Nos debates os candidatos dizem como enfrentá-lo? Ainda não vimos.
Mas, afinal, é só política. O desfecho - alternância no poder ou continuação no poder - significa ou o retorno de tucanos para os 22 mil a 23 mil cargos comissionados na administração federal; ou a continuidade de petistas nos mesmos cargos.
Esses milhares de cargos comissionados na administração federal se multiplicam em benefícios e "boquinhas" para legiões de aderentes ao poder. Para a "cupinchada", como se dizia antigamente, ou para a "companheirada", como se diz hoje. Por isso, ninguém considere irrelevantes as pernadas dessa capoeira brava, sem berimbau.
Mas continua sendo apenas política. Nos comícios que ainda existam e nas TVs. Na economia, a coisa é outra.
Na economia: 1) nenhum dos dois candidatos pode brincar; 2) nenhum dos dois pode derrapar; 3) ambos carregam o peso da incúria e dos desarranjos acumulados por décadas. E ambos têm o desafio de pôr o Brasil andando para a frente.
Isso significa: criar empregos para a massa de jovens que está entrando anualmente no mercado; e resgatar ou amparar o enorme contingente de brasileiros que ainda vivem abaixo da linha da pobreza. Duas tarefas para um PIB com crescimento robusto. E para ganhos de produtividade os mais elevados que se possa obter. Duas coisas que não temos.
Em paralelo, há que se gastar muito com a infraestrutura insuficiente e recompor grande parte dela virtualmente sucateada - nos transportes, nos portos, nos aeroportos, no armazenamento, no fornecimento de energia e de água, no saneamento.
Está de bom tamanho o desafio para quem ganhar o governo no dia 26?
Se alguém acha que é moleza - "dois palito", como diz o paulistano -, é só lembrar a precariedade da educação, da saúde, da segurança pública, da justiça - 4 trabalhos que tornam brincadeira os 12 do Hércules.
É curioso que os dois partidos sabem que, na economia, as respostas são mais ou menos as mesmas, diferentes apenas na dosagem. FHC com o Plano Real e a vertiginosa queda daquela inflação galopante anterior a ele conseguiu melhorar indiretamente a renda dos mais pobres, coisa que Lula faria avançar ainda mais de forma direta. Primaram ambos por uma condução prudente das políticas fiscal e monetária - FHC com mais e Lula com menos ortodoxia. Na área social o Bolsa Escola, de dona Ruth Cardoso, se ampliaria para o Bolsa Família do PT com Lula. Na área habitacional os planos dos dois tipos de governo avançaram, mais com o PT.
A grande diferença na política macroeconômica foi que o PT, com Lula e depois com Dilma, apostou no consumo como motor do crescimento, o que até funcionou bastante bem no período Lula, mas esgotou-se, como era previsível, no período Dilma. FHC, mais preocupado com a inflação e com a estabilização da economia, apostou no aumento dos investimentos. Não teve muito sucesso, dada a herança das tentativas fracassadas de estabilização que a economia brasileira trazia e das desconfianças que isso acarreta.
Ambos fracassaram, portanto, no principal: no obter um longo período de crescimento robusto e estável do PIB brasileiro. A turbulência da economia internacional prejudicou os investimentos privados e públicos para ambos.
Aqui chegamos ao desafio crucial da economia: aumentar a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) e a taxa de crescimento do PIB. Uma coisa é o PIB crescendo pouco em países com a maioria das carências atendidas. Outra, é o PIB crescendo pouco onde a maioria das carências se acumularam sem atendimento. Precisamos de 5% ou 6% de crescimento anual do PIB. Com 0,2%, não vamos a lugar nenhum. Esse é o desafio. Nos debates os candidatos dizem como enfrentá-lo? Ainda não vimos.
17 de outubro de 2014
Marco Antônio Rocha, O Estado de S. Paulo
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